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Empresário acusa Humberto Costa por fraude na saúde

 

            Em depoimento à Polícia Federal sobre a Operação Vampiro, o empresário Laerte de Arruda Correa Júnior, acusado de envolvimento em irregularidades em compras do Ministério da Saúde, diz que há uma "organização criminosa" atuando no órgão e faz referência à "República de Pernambuco", que visava saldar dívidas de campanha derrotada do então ministro Humberto Costa (PT-PE) ao governo do Estado em 2002.

 

            Neste ano, Humberto Costa novamente é o candidato do PT ao governo de Pernambuco.

 

            Segundo Correa Júnior, Costa teria levado para o ministério três "operadores" com o objetivo de conseguir verba para pagar uma dívida de campanha de R$ 3 milhões. Costa negou, em seu depoimento à Polícia Federal, a existência da dívida e que tivesse montado um esquema no Ministério da Saúde.

 

            Em seu depoimento, Correa Júnior diz ter ouvido em 2003 do empresário Frederico Coelho Neto, o Lilico, irmão do deputado federal Luiz Antonio Fleury Filho (PTB-SP), que o então ministro "tinha três homens de confiança, quais sejam Pedro Henrique, Bruno Dantas e Francisco Danúbio [Honorato], caracterizando uma República de Pernambuco".

 

            Em relatório sobre a operação policial batizada de Vampiro por envolver fraudes no setor de hemoderivados, a PF afirma que o esquema de fraude a licitações na Saúde seria dividido em dois grupos: um ligado a Costa e o outro ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

 

Delúbio

 

            Correa Júnior é apontado como o homem de Delúbio no esquema. O empresário nega participação. Porém, em escuta telefônica de 13 de fevereiro de 2004, feita com autorização judicial, ele diz relatar a Delúbio "tudo o que ocorre" com 90 dias de antecedência. Na conversa, o interlocutor é o também lobista Eduardo Pedrosa.

 

            Segundo o lobista, as práticas ilegais existem no ministério desde a Presidência de Fernando Collor de Mello (1990-1992) e seriam capitaneadas pelos também lobistas Lourenço Peixoto e Jaisler Jabour.

 

            Diz que as ilegalidades ocorrem nas áreas de hemoderivados, compras emergenciais e insulina. Estariam se articulando no segmento de programas especiais, como o da Aids, e teriam influência sobre a criação de normas legais de interesse de seus negócios.

 

            Lourenço e Jabour estão entre as 17 pessoas presas pela Polícia Federal em maio de 2004, na Operação Vampiro. Agora, eles também integram a lista de 42 indiciados pela PF sob acusação de praticar os crimes de fraude a licitações, corrupção ativa e passiva, contra a ordem econômica, tráfico de influência, formação de quadrilha, entre outros delitos.

 

 

Ex-ministro diz ignorar razão da denúncia

 

 

O ex-ministro Humberto Costa disse à PF desconhecer "as razões que levaram Laerte de Arruda Correa Júnior a afirmar que o declarante [Costa], quando assumiu como ministro da Saúde, tinha uma dívida de aproximadamente três milhões de reais, fruto da campanha para governador".

 

            À PF Costa afirmou que o pedido para investigar as fraudes na compra de hemoderivados partiu da própria pasta. A Folha não conseguiu localizar Costa ontem.

 

            O advogado Celso Vilardi, que representa Delúbio Soares, disse ontem não haver nenhuma prova no relatório da PF contra seu cliente nem gravação telefônica da qual ele participe. "O sr. Delúbio Soares não tem ligação com esse esquema e não aparece conversando com nenhum deles. Fizeram apenas dedução de que determinados nomes citados seriam o Delúbio". Vilardi afirma que Correa Júnior não cita Delúbio.

 

 

A operação vampiro

 

 

 

            Deflagrada em 2004 pela PF contra fraudes em licitações para compra de hemoderivados no Ministério da Saúde, então chefiado por Humberto Costa

 

            17 pessoas foram presas em maio daquele ano

 

            R$ 120 mi foram desviados de 1997 a 2004

 

           

O ESQUEMA

 

            Por propina, quadrilha manipulava compras de remédios para tratar doenças, como Aids e hemofilia

 

            O MENTOR

 

            Segundo a PF, foi o coordenador de Recursos Logísticos, Luiz Cláudio Gomes da Silva, nomeado por Costa. Ele nega as acusações

 

            INDICIAMENTO

 

            Humberto Costa e Delúbio estão entre os 42 indiciados pela PF sob acusação de fraude de licitações, crime contra a ordem econômica, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional

 

            DOIS GRUPOS

 

            Dois grupos comandavam as fraudes, diz a PF

 

            1 Ligado a Humberto Costa, hoje candidato ao governo do Estado de Pernambuco

 

            2 O outro teria ligação com Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, que deixou o partido com a crise do mensalão

 

           

 

PASSO-A-PASSO

 

            1 Inquérito: procedimento inicial de investigação

 

            2 Indiciamento: quando a polícia acredita ter provas materiais contra o acusado. O inquérito é enviado ao Ministério Público

 

            3 Denúncia: acusação formal feita pelo Ministério Público à Justiça, após receber o inquérito da polícia ou relatório de CPI

 

            4 Processo: quando a Justiça aceita a denúncia o caso vira processo e acusado torna-se réu

 

 

 

CPI notificará senador do PSDB e mais 2 deputados

 

            Empresário da Planam acusou grupo de envolvimento com máfia dos sanguessugas

 

            Senador Antero Paes de Barros e deputados Salvador Zimbaldi (PSB) e Philemon Rodrigues (PTB) vão ter de apresentar defesas à CPI

 

 

 

 

            A CPI dos Sanguessugas decidiu ontem investigar oficialmente mais três parlamentares suspeitos de participação na máfia das ambulâncias superfaturadas. Foram expedidas notificações para que o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e os deputados federais Salvador Zimbaldi (PSB-SP) e Philemon Rodrigues (PTB-PB) apresentem suas defesas.

 

            A CPI já pediu a cassação do mandato de 72 parlamentares. A depender das investigações, os três novos nomes podem ser incluídos na lista dos "cassáveis" que sofrem processo. "Há elementos para que eles sejam investigados. Agora precisamos fazer o exame das provas apresentadas", disse o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), presidente da CPI.

 

            Juiz interino do caso da máfia das ambulâncias, Cesar Bandeira encaminhou documentos apresentados na semana passada por Otto Medeiros de Azevedo Júnior, advogado de Luiz Antonio Trevisan Vedoin, um dos sócios da Planam, a empresa que encabeçava o esquema.

 

            Contra o senador Antero pesa, principalmente, a entrevista de Luiz Antonio Vedoin dizendo que ele recebeu, por intermédio do deputado federal Lino Rossi (PP-MT), propina por ter supostamente direcionado verbas federais para que a Planam vendesse ambulâncias superfaturadas a prefeituras do Estado de Mato Grosso.

 

            "Vou apresentar a minha defesa hoje [ontem] mesmo, não há nada, absolutamente nada de concreto contra mim", afirmou Antero. Ele acusou a CPI de fazer uso político do caso.

 

            Contra Philemon há a acusação de Luiz Antonio e de seu pai, Darci Vedoin, segundo a qual ele teria um acerto com a quadrilha. Darci diz ter orientado um funcionário a pagar ao deputado, a título de comissão, "não mais que R$ 15 mil". Ele nega participação no esquema.

 

            Já contra Zimbaldi, a acusação é que o deputado teria pedido como contrapartida ao direcionamento de verbas que a Planam repassasse um microônibus médico para a Fundação João Paulo 2º, que dá assistência médica e odontológica no posto médico Padre Pio, em Cachoeira Paulista (SP). Ele afirmou que a notificação da CPI lhe dará a oportunidade de "esclarecer e sepultar" o caso.

 

Quarto parlamentar

 

            Há ainda o nome de um quarto parlamentar, Pastor Pedro Ribeiro (PMDB-CE), contra o qual Darci Vedoin diz ter mantido entendimentos. Em seu depoimento à Justiça Federal, o sócio da Planam afirmou que o parlamentar solicitou propina antecipada, mas, como não teria sido atendido, "vendeu" sua emenda para uma quadrilha concorrente. Biscaia afirmou que continua analisando esse caso, mas não há elementos para investigação formal.

 

            Ontem, a CPI também decidiu colocar em votação na semana que vem a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e bancário da ex-servidora da Câmara Cristianne Mayrink Sampaio Silva Neto, que supostamente atuaria como elo da Planam com congressistas. Dados da CPI mostram que ela recebeu R$ 16 mil da família Vedoin.

 

            A comissão avalia que não há elementos suficientes para notificar os parlamentares que teriam se relacionado com máfia das ambulâncias por intermédio de Cristianne. Luiz Antonio Vedoin levantou a suspeita em entrevista à revista "Época", mas voltou atrás.