O conflito histórico entre operadoras de planos de saúde e prestadores de serviço (médicos, hospitais e clínicas) é um dos principais gargalos enfrentados pelo setor de saúde. Segundo o médico Alberto Cherpak, diretor geral do centro de diagnóstico Diagno, as duas partes deveriam atuar de forma conjunta. “Elas precisam parar de se ver como inimigas e procurar beneficiar a população”, observa Cherpak, que já ocupou a direção da empresa de medicina de grupo Norclínicas.
Ele afirma que uma das soluções seria a mudança na maneira como os prestadores são remunerados. Hoje o prestador de serviços recebe o pagamento da operadora de acordo com a quantidade de pacientes atendidos. Para Cherpak, esse modelo desestimula os prestadores a exercerem atividades de promoção de saúde e ainda induz o conflito entre as partes.
“Poderiam ser contemplados outros processos de remuneração que já vêm sendo discutidos no mercado”, propõe o médico. "Há formas em que se paga um preço fixo por determinada quantidade de pacientes, pode-se também estabelecer um valor fixo por procedimento. Por exemplo, uma retirada de vesícula custaria um determinado preço, independente da quantidade de dias em que o paciente passar internado", sugere.
Cherpak também critica a pouca importância que se dá no Brasil à prevenção. "Hoje o atendimento resolve problemas de doença momentâneos. É preciso difundir mais conceito de promoção de saúde. Quem atende tem que estar cuidando constantemente para que o paciente permaneça saudável", argumenta.
Os constantes aumentos nos custos enfrentados por hospitais, clínicas e planos médicos é um outro problema que assola o setor de saúde. A necessidade de investimento em novas tecnologias, como a aquisição de aparelhos de última geração, constitui-se num dos grandes fatores que afetam a receita das empresas. "Cada vez que aparece um novo equipamento aumentam os custos", informa Cherpak.
Outra dificuldade apontada por Cherpak é o não compartilhamento das informações sobre o paciente entre os médicos que atendem em consultórios, hospitais e clínicas de diagnóstico. "Cada um dos profissionais obtêm essas informações em diferentes níveis, mas elas não são compartilhadas. Isso gera problemas com relação a custos, como exames que são repetidos porque os médicos não têm conhecimento de que já foram feitos", salienta.