Elas estão entre as indústrias mais controversas do mundo. Admirados por suas descobertas, que tornaram melhor a vida da humanidade, os laboratórios farmacêuticos ao mesmo tempo também são atacados por lucrar com os males da população. Mas mesmo com tanta ambigüidade seguem investindo na melhoria da vida das pessoas, seja com remédios ou com educação. E, justamente para demonstrar a força do setor na área de responsabilidade social, a Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica, há seis anos, resolveu compilar todos os investimentos feitos pelos fabricantes nestas ações que só no último ano cresceram 16% atingindo a marca de R$ 74,8 milhões no Brasil, quase quatro vezes mais que os R$ 18,8 milhões aplicados durante o ano de 2002.
Segundo o diretor-executivo de administração da Febrafarma e coordenador do painel, Jorge Dias Souza, a cada ano o número de empresas que investem em responsabilidade social cresce, apesar das fusões e aquisições que ocorreram no mercado farmacêutico e reduziram o número de concorrentes. "Em 2002, havia cerca de 600 laboratórios no mercado e hoje, após o movimento, temos pouco mais de 500, 16% a menos, sendo que, deste total, cerca de 250 são responsáveis por aproximadamente 98% da totalidade do mercado", explica o diretor.
Os recursos aplicados são direcionados para várias categorias como cultura, educação, comunidade, meio ambiente, saúde, valorização da vida e volun-tariado. "Conseguimos, em um esforço único, reunir os investimentos de cada empresa distribuídos em cada uma destas categorias", afirma.
Os ganhos, segundo o representante, não são realmente mensuráveis, pois a maior parte fica para a imagem da instituição. "Mas sabemos que este é um caminho sem volta e, principalmente, sem linha de chegada", afirma o executivo.
Os programas se multiplicam e saltaram 195%, passando de apenas 197 em 2002 para 582 em 2007. Com isso, o número de pessoas atendidas hoje é quase oito vezes maior que há seis anos, superando a casa dos 30,6 milhões beneficiados, ante os 4,1 milhões iniciais.
Entre as áreas mais contempladas estão os trabalhos diretos com as comunidades, com 156 programas que atendem hoje 406 milhões de pessoas. E, como não poderia deixar de ser, saúde, com 126 programas, atendendo 5,78 milhões de pessoas. "Isso tudo só demonstra que o empresariado percebeu que precisa fazer sua parte nas questões sociais", acrescenta Souza.
A diretora do Laboratório EMS, Telma Salles, concorda com Souza. Patrocinadora de diversos projetos, especialmente na área cultural e educacional, a EMS figura entre os maiores investidores, com R$ 4,8 milhões aplicados em 2007. Segundo a executiva, a empresa vem apostando muito na educação por acreditar que essa é uma das únicas formas de a empresa contribuir efetivamente para a mudança do Brasil. "Contratamos agora uma consultoria que vai, inclusive, nos ajudar a trabalhar melhor com nossa vocação nessa área de responsabilidade social", explica.
Atualmente, o carro-chefe dos programas que a EMS mantém é a creche (EMEI) Emiliano Sanchez na região de Hortolândia onde já foram investidos R$ 3 milhões e que leva ensino de qualidade em período integral a 220 crianças de 4 meses a 5 anos de idade, incluindo filhos de colaboradores e da população local. Outros programas culturais, baseados na Lei Rouanet, também estão em andamento, como o incentivo a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).