Começou a ser adotada, este mês, uma guia padrão (Troca de Informações em Saúde Suplementar (TISS) que substitui todos os formulários de pagamentos de consultas e pedidos de exame das operadoras de planos de saúde. A falta de entendimento entre operadoras e médicos, no entanto, pode levar o consumidor a ter prejuízos: em caso de problemas com a guia, as consultas podem ser cobradas diretamente do paciente para reembolso posterior, dizem os médicos.
A padronização imposta pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é um pleito antigo da classe médica. No entanto, a forma de implantação está sendo criticada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) – que publicou um comunicado à população, ontem, nos jornais. Os médicos alegam que receberam a guia na última hora e não foram treinados para usá-la. E temem que erros no preenchimento possam fazer os pagamentos não serem autorizados: – Há operadoras sugerindo que façamos a impressão da guia da internet. Não podemos ter mais este custo – queixase Márcia Rosa de Araújo, presidente do Cremerj.
Segundo Marcia, a ANS deveria aproveitar a padronização da guia para adotar a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Hoje, diz ela, convivem várias tabelas de códigos de procedimentos, o que leva a um enorme risco de erro.
Arlindo Almeida, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo (Abramge), diz que esta discussão entre médicos e operadoras é antiga. Segundo ele, a CBHPM aumenta em 50% os custos dos procedimentos: – É possível adotar os códigos dos procedimentos da CBHPM, mas os valores têm que ser discutidos entre médicos e operadoras. Com relação à TISS, muitos laboratórios, hospitais e até médicos já estão preparados para utilização da troca de informação eletrônica. Temos que começar a usar e os outros vão se adequando.
Jussara Macêdo, gerente geral de integração da ANS, explica que todas as medidas foram discutidas no Comitê para análise do TISS, que reúne representantes de todos os segmentos deste mercado: – Queremos fazer tudo de forma consensual, ouvimos todos e já adiamos a adoção da TISS. Nos próximos três meses vamos fiscalizar, mas de forma a orientar e acompanhar esta implementação.
A nota oficial
AOS MÉDICOS E À POPULAÇÃO
DECISÕES DA ASSEMBLÉIA GERAL DE CONVÊNIOS
– Exigir 10% de reajuste nas negociações com as operadoras de planos de saúde.
– Equiparação dos valores de honorários pagos para atendimento a planos individuais e coletivos (BRADESCO, SULAMÉRICA, DIX, ASSIM e outras).
– Implantação da CBHPM para todos os planos de saúde (inclusive como codificação da TISS).
– Exigir o envio de extratos detalhados das consultas e procedimentos aos médicos.
RELAÇÃO À IMPLANTAÇÃO DAS TISS:
– Cobrar diretamente dos pacientes, com recibo, no caso das operadoras que não enviarem as guias da TISS em papel aos médicos.
– Exigir o envio das guias/TISS duplas carbonadas.
– Utilizar as guias antigas, quando orientados pelas operadoras.
– Exigir que não haja glosas por possíveis erros no preenchimento das guias/TISS.
AS NEGOCIAÇÕES CONTINUAM
EM BREVE NOVA ASSEMBLÉIA
Rio de Janeiro, 13 de junho de 2007
Consª Márcia Rosa de Araújo, Presidente do CREMERJ
Cons° Carlindo Machado e Silva, Presidente da SOMERJ
Cons° José Ramon Varela Blanco, Coordenador da COMSSU-CREMERJ