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Clinicas e laboratórios da Bahia ameaçam suspender atendimento ao SUS

As clínicas e laboratórios particulares que prestam serviços ao SUS podem suspender o atendimento à população este mês. Segundo o presidente da Associação dos Hospitais e Serviços de Saúde (Ahseb), Marcelo Brito, a situação das instituições conveniadas é crítica porque a Secretaria Municipal de Saúde vem realizando cortes sucessivos nos repasses de verbas federais destinadas ao SUS em Salvador. Muitas clínicas já fecharam as portas e outras começam a reduzir o atendimento, deixando desassistidos doentes de média e alta complexidade de todo o Estado que recebem tratamento na capital. Brito afirma que a população carente deve sentir os efeitos dos cortes nos serviços de saúde à partir da segunda quinzena de agosto.

“A solução para a sobrevivência das instituições conveniadas é suspender os atendimentos antes do final de cada mês, obedecendo ao novo ‘teto’ da SMS. A dura realidade é que, se alguém necessita de atendimento médico público, é melhor ir antes do dia 15, porque depois pode não encontrar”, alerta. Segundo ele, diversas clínicas e hospitais como o Santa Izabel vêm cancelando contratos com o SUS por causa dos constantes cortes e atrasos nos repasses federais, o que deve piorar ainda mais o atendimento nos próximos meses.

De acordo com a assessoria de imprensa da SMS, os R$17 milhões mensais de que dispõe o município para gerir o sistema público de saúde não são suficientes para atender o aumento registrado na oferta de serviços nas 320 instituições conveniadas. Hospitais como o Aristides Maltez que aumentaram a capacidade de atendimento para suprir a crescente demanda de pacientes.

O consultor Paulo Cronemberg é responsável pela instalação de um software que realiza balanços contábeis em diversas clínicas na capital e interior. Testemunha do fluxo de caixa negativo das empresas, Cronemberg classifica o problema da saúde pública de Salvador como um “drama crônico”: “O aumento no atendimento é conseqüência do aumento da demanda da população. Não é como uma mercearia ou outro negócio qualquer que simplesmente pode fechar as portas de uma hora para a outra. Estamos falando de vidas humanas e um direito constitucional de cada cidadão brasileiro”, argumentou.

Marcelo Brito afirma que o problema de caixa das empresas se agravou a cerca de três meses, desde que o então secretário Luís Engênio Portela decretou um corte linear de 25% nos procedimentos de ortopedia e fisioterapia. As clínicas ameaçaram parar e o prefeito teve que intervir para suspender a medida e evitar um colapso no atendimento médico público em Salvador, já que as unidades da própria Prefeitura não têm condições de realizar procedimentos mais complexos. “Desde então os cortes vêm sendo sucessivos e estão estrangulando as instituições conveniadas”, lamentou Brito.

O vereador e médico Silvoney Sales (PMDB), presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores, criticou o corte de 25% nos procedimentos de ortopedia realizados em abril: “Na época correu a notícia de que Salvador era a ‘cidade das fraturas’, o que é uma grande mentira.

Todos sabemos que, além de traumas desse tipo, as clínicas realizam outros procedimentos, como punções, retirada de abcessos, curativos e outros”, explicou.