Os casos de coronavírus explodiram em Curitiba nesta semana. Nesta terça-feira (17), capital paranaense bateu recordecom 879 confirmações em 24 horas. Foi o sétimo dia seguido com mais de 700 infectados, marca jamais vista antes. No total, são 61.735 casos confirmados, sendo 52.438 recuperados, e 1.582 óbitos por complicações da covid-19.
O aumento faz com que a SMS (Secretaria Municipal de Saúde) reabra leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do SUS (Sistema Único de Saúde). 72 vagas haviam sido fechadas desde setembro, mas o atual cenário fez com que a pasta trabalhe no sentido contrário. Conforme o boletim municipal,78% dos 283 leitos estão ocupados. Isso significa que restam 61 vagas de UTI.
Os atendimentos nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), da rede pública, também estão crescendo. Foram 6.752 consultas sobre sintomas do coronavírus na semana de 2 a 8 de novembro. Entre os dias 9 e 15 deste mês, o número subiu para 8.300. Em Curitiba, cerca de 60% da população depende exclusivamente do SUS.
Sob anonimato, uma pessoa informou a reportagem que UPA Sítio Cercado, na região sul da cidade, está com todos os 10 leitos de covid-19 ocupados. Durante à tarde, 40 pessoas estavam na fila para serem atendidas com tempo de espera estimado em quatro horas.
Procurada para se posicionar sobre a demanda, a SMS reconheceu a alta procura das UPAs, mas afirma que não houve espera para nenhum caso urgente.
“A UPA Sítio Cercado, assim com as demais oito unidades de pronto atendimento da cidade, vem atendendo a um número maior de pacientes com sintomas de doença respiratória nos últimos dias. Nesta terça-feira (17/11) de tarde a UPA Sítio Cercado contou com quatro médicos para atendimento desses pacientes. Para os casos de urgência e emergência, não há espera”, disse, em nota.
CURITIBANO PERDEU O MEDO, DIZ SECRETÁRIA DA SAÚDE
A SMS vê o momento crítico da pandemia com atenção. Em entrevista concedida ao Paraná Portal, a secretária Márcia Huçulak revelou que dois hospitais privados já atuam na capacidade máxima e não têm mais leitos disponíveis para coronavírus. Questionada sobre o aumento das transmissões, ela atribui os números ao comportamento da população. “O curitibano perdeu o medo“, disse ela.
Até o momento, a pasta tomou duas ações: suspendeu das cirurgias eletivas nos hospitais que atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e autorizou o retorno das aulas presenciais, em escolas particulares, para crianças entre zero e 10 anos.
Contudo, a cor da bandeira, que corresponde ao nível de alerta contra a doença, segue amarela.
O sistema de bandeiras da prefeitura de Curitiba determinam as medidas restritivas durante a pandemia. As cores amarela (alerta), laranja (risco médio) e vermelha (risco alto) são representadas pelos valores 1, 2 e 3. A nota é resultado de um cálculo feito sobre nove indicadores: seis deles são referentes ao nível de propagação da doença e três avaliam a capacidade de resposta do Sistema de Saúde da cidade.
Ao longo da pandemia, a atual administração afirmou que o pico da doença foi vista nos meses de julho e agosto, período de maior vigência da bandeira laranja. Em setembro, mais precisamente no dia 4, a cor do risco médio foi retomada após uma leve elevação dos números.
Naquela ocasião, a cidade teve 495 casos novos e tinha 4.576 casos ativos, que significa o número de pessoas com potencial de transmissão do vírus. Hoje (17/11) foram registrados 879 novos infectados e são mais de 7,4 mil possíveis transmissores da doença.
Apesar dos indicadores, qualquer ação mais incisiva da prefeitura depende do cálculo da próxima sexta-feira (20), dia da semana em que a Secretaria faz o balanço semanal e atualiza a bandeira.
O presidente do Sindipar (Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná), Flaviano Ventorim, afirma que Curitiba está em mais um momento delicado da pandemia de covid-19 e que os hospitais estão se organizando para dar o suporte necessário à população.
“Esse aumento da demanda está sendo muito rápido e muito preocupante. As pessoas estão perdendo o medo do vírus, o que é um problema. Estão confundindo a queda que houve com a real situação, então o pessoal meio que perdeu a mão. A gente precisa retomar as orientações e cuidados para que a gente evite o colapso do sistema”, diz.
Além de destacar as medidas de prevenção à covid-19, como o uso de máscara, distanciamento social e higiene das mãos, Ventorim também admite que existe a preocupação com um novo impacto negativo na economia caso as medidas restritivas voltem a valer.
“A última coisa que a gente quer é que suba para a bandeira laranja e volte fechamento de empresas”, finalizou o presidente o Sindipar.
Por Vinícius Cordeiro
Fonte: https://paranaportal.uol.com.br/cidades/curitiba-explosao-casos-covid/