A FDA (agência reguladora de medicamentos e drogas nos Estados Unidos) aprovou ontem uma arma eficaz contra a obesidade – a doença acomete 30,5% dos adultos norte-americanos e é tratada como epidemia pelo governo. Em números absolutos, são 60 milhões de obesos. A GlaxxoSmithKline comercializará o medicamento à base da substância tetrahidrolipstatina, sob o nome comercial de Alli. A droga é uma versão com metade das doses do Orlistat (Xenical), um remédio vendido apenas sob prescrição médica. "Trata-se do único produto para emagrecer aprovado sem necessidade de receita", ressaltou Charles Ganley, diretor do Departamento de Drogas Não Prescritas da FDA. "Mas o Alli só terá efeito caso o paciente se engaje num programa de redução de peso, o que significa reduzir a dieta de gordura e intensificar a prática de exercícios físicos", acrescentou.
O Orlistat já havia sido aprovado em 1999 como droga prescrita para o tratamento da obesidade. De acordo com Ganley, o paciente deverá tomar o medicamento três vezes ao dia, sempre durante as refeições. Nos testes clínicos realizados pela FDA, a cada 2,2kg perdidos com dietas e exercícios, outros 1,3kg foram gastos pela droga. Quase metade dos voluntários que tomaram o remédio em combinação com uma dieta e um programa de exercícios perderam 5% ou mais de seu peso corporal em seis meses.
Ao atingir o intestino do paciente, o Alli bloqueia a absorção de um quarto de toda gordura consumida. Por causa da possível perda de nutrientes, é aconselhável que os pacientes tomem um complexo vitamínico antes de dormir. O tratamento é proibido para transplantados e menores de 18 anos. Os diabéticos terão de consultar o médico antes de iniciá-lo. O laboratório também não recomenda a droga para fins estéticos, a pessoas que não estejam acima do peso ideal.
Tabela
"Sabemos que o excesso de peso tem várias conseqüências adversas, como aumento no risco de doenças cardíacas e de diabetes tipo2", afirmou Douglas Throckmorton, vice-diretor do Centro para Avaliação e Pesquisa de Drogas da FDA. "O Alli poderá ajudar os adultos a melhorar sua saúde", ponderou. A droga vai além do efeito terapêutico e traz uma proposta educativa, à medida que fornece ao paciente uma tabela para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Essa medida internacional é obtida dividindo-se o peso de uma pessoa por sua altura ao quadrado. Uma pessoa com IMC acima de 25kg/m2 está na categoria de sobrepeso e será considerada obesa se superar os 30kg/m2.
A GlaxoSmithKline espera que entre 5 milhões e 6 milhões de pessoas usem a droga. Marisa Helena César Coral, presidenta da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), afirmou ao Correio que a capacidade de absorção de gordura do Alli será menor que a do Xenical. "Por não ter efeito a nível cerebral, pode ser vendido sem receita médica", disse. Não há previsão para a venda do produto no Brasil. "A comercialização do Alli por aqui depende da aprovação da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária", lembrou. A especialista explica que, dependendo da quantidade de gordura eliminada pelo corpo humano, existe a possibilidade de o paciente apresentar alguns efeitos colaterais, como dores abdominais, diarréia e eliminação de gases. As fezes também podem ganhar consistência oleosa.
DOENÇA GLOBAL
No mundo, existem mais de 1 bilhão de adultos obesos, contra 800 milhões de subnutridos. Epidemia tem características curiosas
# A prevalência de obesidade é tão alta em regiões desenvolvidas de países subdesenvolvidos como em nações ricas
# No continente americano, as taxas de obesidade aumentam tanto para homens como para mulheres
# A prevalência de obesidade aumentou de 10% para 40% na maioria dos países europeus
# Os custos com a obesidade nos Estados Unidos subiram de US$ 52 bilhões em 1995 para US$ 7,5 bilhões em 2003
# Anualmente, 112 mil mortes são relacionadas à doença nos EUA
# 65% dos adultos norte-americanos são obesos ou estão acima do peso
# Em todo o mundo, 22 milhões de crianças com menos de 5 anos são obesas
COLESTEROL E ALZEHEIMER
O consumo de alimentos ricos em colesterol, como manteiga, carne vermelha ou queijo duro, aumenta o risco de desenvolver mal de Alzheimer, revelou um estudo realizado por cientistas australianos publicado ontem pelo jornal Daily Express. Os especialistas, do Instituto de Pesquisa Médica Príncipe de Gales, de Sydney, concluíram que este tipo de alimentação favorece a fabricação no cérebro das proteínas beta-amilóides, vinculadas ao Alzheimer. A doença degenerativa é caracterizada pela deterioração cognitiva progressiva.