Em audiência pública sobre o abastecimento de medicamentos usados na assistência a pacientes com Covid-19, realizada na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (30/3), entidades do setor hospitalar privado e filantrópico cobraram de autoridades de saúde e representantes da indústria farmacêutica uma previsão de normalização do fornecimento de insumos do kit intubação.
Relatando dificuldades de compra dos medicamentos pelo setor privado devido à requisição administrativa do Ministério da Saúde (MS) e o crescente fechamento de leitos de UTI Covid em hospitais de pequeno e médio porte devido à falta de insumos, representantes da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), da Federação Brasileira de Hospitais (FBH) e da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) pediram providências urgentes para viabilizar o abastecimento regular.
Representando a CMB, Flaviano Feu Ventorim lembrou que a solução do problema também é necessária para a normalização de procedimentos eletivos, cuja suspensão tem trazido problemas para pacientes com outras comorbidades.
“A gente precisa dar uma resposta aos hospitais se existe alguma previsão de normalidade dentro dos próximos dias”, disse Ventorim, que também preside a Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa) e o Sindipar (Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná). “[O envio de medicamentos] para três ou quatro dias não resolve o problema. Precisamos ter uma ideia de quando normalizaremos a situação”.
Leonardo Barberes, representante da FBH, afirmou que hospitais de pequeno e médio porte do interior já enfrentam falta de medicamentos. “Desde a semana passada, hospitais fecham leitos porque não tem como atender os pacientes”, afirmou.
Ministério da Saúde
O secretário de Atenção Especializada à Saúde do MS, coronel Luiz Otávio Franco Duarte, apresentou na audiência um levantamento da pasta que aponta que todas as unidades federativas estão em “estoque crítico” de bloqueadores musculares para intubação e admitiu que o aumento da demanda provocou um rápido desequilíbrio nacional.
Segundo o levantamento, também há abastecimento insuficiente de analgésicos no Acre, Amapá, Alagoas, Distrito Federal, Ceará, Maranhão, Roraima, Rio de Janeiro e Tocantins e de sedativos no AC, AL, AP, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MT, PI, PR, RJ, RN, RO, RR, SE e TO), informou o Estadão.
Segundo a reportagem, Duarte anunciou que o governo federal importará insumos por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e negocia doações da Espanha, da União Europeia e de uma multinacional no Brasil. Ele disse que depende de “atitudes diretas com a indústria nacional” para atender a demanda desta semana, já que as importações não devem ocorrer nos próximos dias.
O secretário criticou a atribuição do desabastecimento à requisição administrativa dos remédios, argumentando que a medida foi feita apenas em unidades que não estavam comprometidas em contratos com os setores público e privado. Disse, também, que estoques acima de sete dias devem ser redistribuídos a outros municípios e instituições.
Foto: Rodrigo Felix Leal / AEN