Mais de 200 mil pessoas ficarão sem plano de saúde no DF. Ontem, em assembléia, cerca de cem representantes de entidades e especialidades médicas decidiram suspender o atendimento de mais seis planos, além do Sul América – suspenso desde fevereiro. De uma lista de nove planos, considerados ruins no trato médico, estão suspensos Bradesco, Blue Life, Slam, Smile, Medial e Assefaz.
A assembléia evitou o boicote a todos os planos de uma só vez e o confronto direto com os hospitais, em uma medida de cautela. Mas outros 140 mil usuários de planos privados em Brasília estão vulneráveis. Continuam na fila entre as piores empresas e com risco de serem suspensos a Amil, Geap e a Golden Cross.
O vice-presidente da Associação Médica dos Hospitais Privados do DF (Amhpdf), Joaquim Oliveira, disse que a classe reivindica o reajuste da CH (coeficiente de honorários). Sugerem o valor de 0,42. Isto é, no mínimo, R$ 42 por consulta. Atualmente os valores variam, mas não passam de um coeficiente de 0,30. Ou o equivalente a R$ 30.
“Pensamos no paciente, mas os planos de saúde também têm que se preocupar”, diz o presidente da Associação da Cirurgia Pediátrica, Luiz Fernando. Ele garante que os 22 especialistas do DF não atendem mais a Sul América e vão aderir às novas decisões. Segundo o médico, os honorários são irrisórios em caso de operação de anomalia congênita, por exemplo, em que se mantém o paciente internado por semanas. “Mal paga o estacionamento”, diz.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do DF, Eduardo Guerra, calcula que os honorários médicos correspondem a 10% dos gastos das operadoras. As principais despesas são com material descartável e próteses. “A negociação é um jogo de pressão. Usuários não reclamam das operadoras de planos e elas ficam em condição confortável. Sem a reclamação, elas gastam menos se nós não atendermos”, diz.
Além dos honorários, os médicos reclamam que os contratos não têm cláusulas com prazos e percentuais de reajustes nem período de renovação. “O resultado da Assembléia demonstra a insatisfação da classe com as operadoras”, afirma o vice-presidente da Amhpdf.