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Nova técnica leva esperança a diabéticos

Curitiba tornou-se a segunda cidade brasileira a realizar uma cirurgia que representa uma nova esperança aos portadores de diabete tipo 1, a variedade mais rara e mais grave da doença: o transplante de ilhotas pancreáticas, células que produzem insulina. Regina Camargo, jornalista de 39 anos, recebeu as células em 19 de novembro, no Hospital Cajuru, e as ilhotas já começaram a fabricar insulina ainda na sala de cirurgia. As informações são da Gazeta do Povo.

O nefrologista Miguel Riella, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e diretor do Laboratório de Isolamento de Ilhotas da instituição, explica que, antes de Curitiba, houve apenas outros três transplantes de ilhotas, realizados em São Paulo – o primeiro deles em dezembro de 2002. “Normalmente se faz o transplante do pâncreas inteiro, mas é uma cirurgia grande, que traz riscos ao paciente. Com as ilhotas, o médico faz apenas um corte no abdômen do receptor, que pode ter alta ainda no mesmo dia. Isso nem poderia ser considerado exatamente uma cirurgia”, diz.

O menor risco foi a razão que levou Regina a optar pela técnica. “Eu achava o transplante de pâncreas muito agressivo e essas cirurgias ainda costumam envolver mais de um órgão. Como meu problema é apenas no pâncreas, quis partir para o implante das células”, conta. As ilhotas são implantadas no fígado e Riella explica que elas funcionam normalmente, como se estivessem no pâncreas.

Regina descobriu ter diabete tipo 1 há 11 anos, durante a segunda gestação. Nesta versão da doença, que atinge de 0,1% a 0,2% da população, o próprio sistema imunológico do paciente destrói as células produtoras de insulina até o ponto em que a produção do hormônio cai a zero. As injeções de insulina se tornam obrigatórias, mas mesmo assim a qualidade de vida do diabético é muito baixa. “Eu tomava três injeções por dia e ainda tinha picos de hipoglicemia ou hiperglicemia, tinha desmaios e outras crises”, recorda Regina.

Desde o transplante, seus índices de glicose no sangue permanecem estáveis, embora ela ainda precise das injeções, pois a jornalista recebeu 300 mil ilhotas, quando o número ideal é 600 mil. Por isso o transplante do pâncreas, apesar de mais arriscado, ainda é mais eficaz que o de ilhotas, diz Riella. Estudos feitos no Canadá, país líder no transplante de ilhotas, mostram que, depois de um ano, 85% dos pacientes não precisam mais de aplicações de insulina.