Na quarta-feira da semana passada (dia 21/06), a organização da Hospitalar – Feira e Fórum promoveu, em São Paulo, um jantar reunindo todo o setor saúde para a entrega do ‘Prêmio Hospitalar 2006 – Personalidade do Ano na Área da Saúde’ para a médica Zilda Arns, fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança. O evento também comemorou a realização da 13.ª edição da feira e segunda edição da OdontoBrasil, além de celebrar a união do conjunto de entidades que apóiam os eventos: Confederação Nacional da Saúde (CNS), Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess), Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo (Sindhosp), Associação Brasileira da Indústria Médico-Hospitalar (Abimo), Centro Universitário São Camilo, Associação Brasileira de Odontologia (Abo Nacional e ABO São Paulo), Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo (Sinog) e Banco Bradesco.
Criado ano passado, o ‘Prêmio Hospitalar’ representa o consenso das mais representativas entidades da área da saúde e destaca o profissional que mais tenha contribuído para o avanço da medicina, das condições de saúde e qualidade de vida da população brasileira e mundial. A indicação da Dra. Zilda Arns ao prêmio é fruto de sua extraordinária atuação como fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança. A presidente da Hospitalar e OdontoBrasil, Waleska Santos, destacou que a homenageada representa um ícone do voluntariado no país, levando milhões de crianças e suas famílias a terem uma vida melhor.
O presidente da CNS, José Carlos Abrahão, disse ser uma grande honra para o setor poder prestar uma homenagem à Dra. Zilda. “Qualquer elogio que se fizer aqui hoje é pouco para representar o nosso reconhecimento e agradecimento à Dra. Zilda pelo seu trabalho frente à Pastoral da Criança e ao nosso segmento em geral. Temos muito respeito, carinho e admiração por ela. É uma das homenagens mais justas já oferecidas por este setor a uma personalidade.”
Sobre a Dra. Zilda Arns e seu trabalho
Nascida em Forquilhinha, Santa Catarina, a pediatra e sanitarista Dra. Zilda Arns começou a mudar a história de vida de milhares de famílias carentes em 1982. Naquela época, durante uma reunião da ONU sobre a paz mundial, James Grant, então diretor-executivo do UNICEF, sugeriu ao Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo, a criação de um projeto da Igreja para combater as altas taxas de mortalidade infantil em nosso país. Em seu retorno ao Brasil, Dom Paulo procurou sua irmã, a Dra. Zilda Arns Neumann, e propôs-lhe que desenvolvesse o projeto.
A Pastoral da Criança iniciou suas atividades em 1983, com um projeto-piloto em Florestópolis, na Arquidiocese de Londrina, Paraná. Naquele pequeno município, morriam 127 crianças para cada mil nascidas vivas. No ano seguinte, o trabalho dos líderes comunitários da Pastoral da Criança fez este índice cair, significativamente, para 28 mortes para cada mil crianças nascidas vivas.
A Dra. Zilda Arns Neumann foi convidada então a apresentar o seu trabalho aos Bispos do Brasil. Com o apoio da CNBB, a Pastoral da Criança cresceu e hoje está presente em todos os 27 estados brasileiros, acompanhando crianças, famílias e gestantes de baixa renda, especialmente nas periferias dos grandes centros e nos bolsões de pobreza dos pequenos e médios municípios, tanto no meio urbano e rural, quanto em áreas indígenas. São mais de dois milhões de crianças e 100 mil gestantes acompanhadas todos os meses, através de ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania.
Durante o ano de 2005, a Pastoral da Criança registrou uma taxa de mortalidade infantil de 15 mortes para cada mil nascidos vivos, número muito inferior à média nacional de 26,6 óbitos por mil nascidos vivos. Reconhecido por sua eficiência, o sistema de atendimento desenvolvido pela entidade está servindo de modelo para países como Angola, Moçambique, Timor Leste, Filipinas, Paraguai, Peru, Bolívia, Venezuela, Argentina, Colômbia, Uruguai, México, Guatemala, Panamá, Honduras e República Dominicana.
A Pastoral da Criança foi indicada pelo governo brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz. E a própria Dra. Zilda Arns tem recebido inúmeros prêmios por seu trabalho, entre eles o ‘Prêmio Heroína da Saúde Pública das Américas’, concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
Zilda Arns também vem colaborando intensamente nas tomadas de decisão de políticas públicas, como participante do Conselho Nacional de Saúde; do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e do Conselho Nacional de Segurança Alimentar, além de presidir a Comissão Intersetorial de Saúde Indígena do Conselho Nacional de Saúde. Recentemente, a pedido da CNBB, fundou e assumiu também a coordenação nacional da Pastoral da Pessoa Idosa. “É com muita honra que recebo este prêmio da Hospitalar e das entidades que caminham juntas para ajudar a população a ter uma saúde e uma qualidade de vida melhores neste país”, disse a homenageada, que também integra o Conselho Nacional de Saúde ao lado de outro representante do Paraná, José Francisco Schiavon, presidente da FEHOSPAR.