Alguns dos hospitais públicos de maior prestígio
Além de preços superfaturados em até 400%, há indícios de que os produtos estavam longe do padrão de qualidade desejável. A polícia investiga a entrega, ao HC de catéteres fabricados na China e contrabandeados para o Brasil para atender a encomenda do governo. "A gente entregou, por um ano, equipamento chinês vagabundo. E reclamação não deu tanto, porque eu achei que ia dar mais reclamação. E nessa altura do campeonato a gente parou. Não forneceu mais o chinês e eu fui lá, expliquei para a Mitiko, expliquei pro Teoni…só não falei que era chinês, pelo amor de Deus..!!", diz um funcionário de uma das empresas acusadas de integrar o esquema.
As empresas acusadas pela polícia de encabeçar a fraude são a Home Care e a Vidasmed e pelo menos 10 hospitais da capital paulista receberam produtos comprados nas licitações.
Os bens apreendidos dos acusados somam cerca de R$ 7 milhões. Renato Pereira Jr, sócio da Home Care, teve um barco de uso pessoal apreendido e um helicóptero da empresa, além de um Omega, um Mercedes Benz, uma Suzuki Burgmann e uma moto Honda GoldWing.
Dirceu Gonçalves Ferreira Junior seria o cabeça do esquema na Vidasmed e um Volvo 2008, que está em nome da empresa, foi apreendido. Marcos Agostinho Paioli Cardoso, dono do escritório de contabilidade que atende todas as empresas acusadas, teve dois barcos apreendidos, um Vectra 2007, um BMW modelo 335, um Toyota Prado, uma moto Harley Davidson, uma moto Suzuki Burgmann 2008, um Porsche modelo 911, um New Beatle 2008, dois quadriciclos Bombardier e uma carreta-reboque. As contas bancárias e aplicações também foram bloqueadas. Os dois funcionários da Vidasmed – Vanessa Fávero, de 31 anos, e Carlos Alberto do Amaral, de 54 anos – não tiveram bens apreendidos.
Os cinco acusados estão presos. A investigação começou há um ano, com base na licitação para compra de soro fisiológico. Uma empresa apresentou preço de R$ 1,22 para o produto, o preço mínimo. Outras apresentaram valor de R$ 2,49 e R$ 3,80. Mas venceu a empresa que havia oferecido preço de R$ 4,99. Duas empresas foram desclassificadas e outras duas desistiram. Venceu a de maior preço.
Entre as empresas investigadas está a Embramed, em que um dos sócios é Dirceu Martins Vizeu, e que participa de licitações com representação da VidasMed. Carlos Alberto do Amaral, o Papito, é seu procurador e funcionário da Biodinâmica.
A Contábil Paioli, cujo sócio é Marcos Agostinho Paioli Cardoso, faria a contabilidade de todas as empresas envolvidas. A Home Care Medical tem como sócios Renato Pereira Júnior e Paioli, segundo a polícia. Há evidências de favorecimento em contratos com várias prefeituras.