Contratar um plano de saúde adequado às suas necessidades e, principalmente, com pagamentos que caibam no bolso, não é tarefa das mais fáceis. Por isso, vale prestar atenção em alguns detalhes. A oferta no mercado parece ser imensa. Vai das coberturas mais simples (com atendimento ambulatorial, sem direito a internação) às mais sofisticadas (com resgate de helicóptero, cobertura fora do País e reembolso em caso de consultas em médico particular). As pessoas físicas, no entanto, podem encontrar dificuldades na hora de escolher o seu plano.
Motivos para isso não faltam. Concentração de mercado na mão de poucas operadoras e preferência ao atendimento a empresas são apenas alguns dos obstáculos. "As seguradoras, que estão a cada dia dominando mais o mercado de seguro-saúde, não têm planos para pessoas físicas. Isso significa que mais da metade das opções está fechada para esse consumidor, o que é um absurdo", diz a advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Daniela Trettel.
Uma razão para as companhias não atuarem nessa área, segundo a advogada, é que a Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) só fiscaliza as empresas que trabalham com o segmento individual. "Diferentemente do que acontece nos planos individuais, que têm apenas reajustes anuais autorizados e mudanças de preços por faixas de idade, limitadas a 10 faixas, nos planos empresariais os reajustes não obedecem a faixas e podem ser feitos sem supervisão da agência", explica.
Micro e pequenas empresas com poucos funcionários podem ser as mais prejudicadas por essa falha na lei. De acordo com Daniela, a empresa que vendeu o plano de saúde pode aumentar o preço mensal ou cancelar o contrato quando achar conveniente, deixando os segurados na mão.
Concentração
A advogada lembra ainda que hoje 70% das pessoas com convênio possuem planos empresariais. "Essa forte concentração certamente está associada ao afrouxamento da lei para o segmento", diz.
Resta à pessoa física escolher entre planos oferecidos por cooperativas de saúde e empresas vinculadas a hospitais. "A boa notícia é que algumas dessas empresas já oferecem tudo o que uma seguradora de ponta tem no contrato, como o reembolso de consultas e cirurgias, por exemplo, que até há poucos anos só fazia parte das apólices das seguradoras", afirma o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), o médico Arlindo de Almeida.
Para escolher bem
Mas, antes de assinar qualquer contrato, é preciso prestar atenção em vários detalhes. O primeiro, segundo os especialistas, é definir bem claramente quais são seus hábitos em relação a atendimento médico e quais as expectativas quanto a uma eventual internação.
Conhecer de antemão todos os tipos de planos que a empresa oferece é uma outra dica. "Um homem solteiro não necessita contratar um plano que ofereça obstetrícia, por exemplo. Mas, se a intenção dele é de se casar e colocar a mulher como agregada no futuro, deverá já escolher uma empresa que ofereça esse tipo de especialidade em seu pacote", afirma a advogada Daniela, do Idec.
O mesmo se aplica a coberturas nacionais e internacionais. Elas só devem ser contratadas pelo cliente que tem o hábito de viajar constantemente. E há ainda as apólices que prevêem luxos, como resgate por meio de helicóptero e atendimento em hospitais requintados, como o Albert Einstein e o Sírio Libanês.
"Temos planos que contemplam tudo, até transplantes de fígado, por exemplo, que a lei não cobre. Mas, antes de correr para um plano assim, o interessado deve se perguntar se terá condições financeiras de manter um convênio desse porte ao longo de toda sua vida", diz o médico Almeida, da Abramge. A dica, neste caso, é para olhar o preço da primeira faixa e também o da última do plano escolhido e daí ver se ela caberá no bolso, especialmente nos últimos anos de vida.