A Ficha de Notificação dos Indicadores Epidemiológicos Mensais de Infecção Hospitalar, implantada em novembro do ano passado pelo Departamento de Vigilância Sanitária, da Secretaria da Saúde, provou que é um importante instrumento para monitorar, prevenir e controlar doenças no Estado. A ficha facilita a coleta de informações e transforma-se num banco de dados que está disponível nas Regionais de Saúde e nos serviços de vigilância sanitária municipais.
“Trata-se de um banco de dados com indicadores dos 464 hospitais do Paraná, que possibilita o direcionamento das atividades na prevenção e no controle de infecções hospitalares”, reforça a farmacêutica Ana Maria Perito Manzochi, do Departamento de Vigilância Sanitária. O Estado também possui uma atuante Comissão de Controle de Infecção em Serviços de Saúde (CECISS), presidida pela médica Heloísa Ihle Garcia Giamberardino.
O papel da comissão é de promover atividades educativas, sistematizar dados e incentivar a criação de comissões regionais de controle de infecção. Além disso, ações paralelas no que se refere à Rede de Monitoramento da Resistência Bacteriana são desenvolvidas pelo Laboratório Central/LACEN. Os Hospitais de Clínicas, Pequeno Príncipe, Evangélico, Nossa Senhora das Graças, Estadual de Londrina e Universitário de Maringá também integram essa rede.
Aperfeiçoamento
Há uma grande preocupação no Paraná em oferecer condições de aprimoramento aos técnicos da Secretaria da Saúde e aos que trabalham direta ou indiretamente no controle das infecções hospitalares. Desta forma, como parte das comemorações do Dia Nacional de Controle de Infecção Hospitalar, o Departamento de Vigilância Sanitária e a Escola de Saúde da SESA, a Comissão Estadual e a Associação Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar (APARCIH) promoveram no dia 9 de maio, uma webconferência – disponível no site www.saude.pr.gov.br – sobre prevenção de infecção de sítio cirúrgica( local do corpo onde é feita a incisão durante a cirurgia).
A conferência teve a participação do médico Renato Grimbaum, um dos grandes “experts” brasileiros nesta área. Um evento que superou as expectativas dos promotores, com 600 acessos de várias partes do Paraná, feitos por profissionais que atuam nas vigilâncias sanitárias Central, regionais e municipais; em hospitais; comissões de controle de infecção hospitalar; conselhos de Saúde; acadêmicos e outros interessados.
As Regionais de Saúde e as entidades municipais não mediram esforços para mobilizar o maior número de profissionais para assistir a webconferência do dia 9, e promover eventos comemorativos à data. A 7ª Regional localizada
No Brasil
Cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Anvisa as diretrizes do controle e prevenção das infecções hospitalares no país. Nesta linha, a Anvisa lançou o Sistema Nacional de Informação para o Controle de Infecções em Serviços de Saúde (Sinais), de uso gratuito, para aprimoramento da vigilância epidemiológica intra-hospitalar e com informações disponibilizadas para os hospitais e gestores de saúde.
Neste ano, para comemorar a data, a Anvisa está promovendo nesta semana, em Brasília, o II Seminário Nacional de Prevenção e Controle de Infecção, cujo tema central é “Uma Assistência Limpa é uma Assistência mais segura”, da Aliança Mundial de Segurança do Paciente/OMS, entidade que o Brasil também integra.
No evento discute-se os temas prioritários de 2008, estratégias de ação para a redução da mortalidade por sepse neonatal – relacionada a cateter venoso – e a redução e prevenção de infecção de sítio cirúrgico. Representam a Secretaria da Saúde, Ana Manzochi, Heloisa Giamberardino e Clairê Guimarães, da 10ª Regional, de Cascavel.
Como começou o controle de infecção hospitalar
O médico obstetra húngaro Ignaz Philipp Semmelweis é considerado o pai do controle de infecções hospitalares no mundo. Em meados de 1840, quando não eram conhecidos os estudos de Pasteur a respeito da origem das infecções e a existência de microrganismos, ele constatou a diferença de número de casos de infecções puerperais (pós-parto) em duas clínicas do hospital de Viena.
Na primeira clínica, as gestantes eram examinadas por estudantes de Medicina que circulavam livremente entre a sala de autópsia e nesta enfermaria. E, na segunda, onde os atendimentos eram realizados por parteiras, o número de infecções puerperais era muito menor.
Um amigo deste médico se feriu acidentalmente com bisturi, durante uma necropsia, e adquiriu uma infecção similar à das puérperas. Fato que levou a Semmelweis a concluir que ele estava contaminado pela “matéria cadavérica”. Tal qual o bisturi da dissecção, que introduziu material cadavérico na corrente sangüínea do patologista, as mãos contaminadas dos médicos e estudantes carregavam infecções da sala de autópsia para as mulheres, durante o exame de toque vaginal e o parto.
Por isso, em 15 de maio de 1847, Semmelweis tornou obrigatório aos médicos, estudantes de Medicina e ao pessoal da enfermagem, a lavagem das mãos com uma solução clorada, o que reduziu drasticamente a mortalidade por infecção puerperal, de 12,24% para 1,89%.
Definição e legislação
Infecção Hospitalar é denominada a qualquer infecção relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares e que se manifesta no período em que o paciente se encontra internado ou após sua alta. Atualmente a portaria em vigor é a 2.616/98, do Ministério da Saúde (MS) e a lei federal 9.431.
No Paraná, a resolução estadual 304/00 instituiu a Comissão Estadual de Controle de Infecção em Serviços de Saúde e fomentou a criação e organização das comissões regionais e municipais, além de propor ações para prevenção e a redução da incidência e gravidade das infecções. Essas legislações e outras informações estão no site http://www.saude.pr.gov.br