Gerenciar a crise exige uma gestão unificada e pactuação dos gestores municipais. Não se pode administrar o sistema de saúde público com vários níveis de administração (federal, estadual e municipal) competindo por seus espaços. O comando único da gestão é indispensável. Outro ponto importante a respeito da gestão é o fato de os 92 municípios de nosso estado não se comunicarem de forma harmoniosa entre si e trabalharem de maneira independente.
A regulação do sistema de saúde também é necessária. Uma central de regulação de leitos é imperiosa. Temos que saber onde, quantos e quais os leitos estão vagos sem permanecermos horas nos telefones à procura de vagas inflexivelmente negadas. A rede de saúde não está integrada!
As unidades de saúde devem ter seus perfis definidos. Desta forma, hospitais cirúrgicos atenderão a casos cirúrgicos; hospitais de emergência ficarão com as emergências. A rede básica tratará da medicina preventiva, das doenças sexualmente transmissíveis, do controle da hipertensão arterial e do diabetes, da saúde da mulher e da vacinação dos idosos e das crianças.
Em relação aos recursos humanos é necessário adequar o número de profissionais por unidade de maneira que não haja desproporção entre a carga de trabalho e a capacidade da unidade de saúde; fazer com que os profissional de saúde sejam submetidos a um processo de educação continuada com cursos de aperfeiçoamento, especialização, mestrado e doutorado e valorizá-los com condições de trabalho adequadas e salários mais dignos.
Quanto aos recursos tecnológicos, faz-se necessária uma política séria de programa de urgência para equipamentos de suporte a vida e apoio diagnóstico (agilizaria a modernização e reposição dos equipamentos que hoje temos nas emergências e unidades de saúde), manutenção dos equipamentos (evitaria o sucateamento dos equipamentos já existentes) e obras de adequação dos espaços físicos (garantiria um fluxo de serviços mais eficientes além de dar conforto aos pacientes que procuram a rede de saúde).
Finalmente otimizar e criar novas formas de financiamento para cobrir a elevada demanda existente e buscar copiar experiências bem-sucedidas em outras partes do país ou do mundo nos ajudaria muito a vencermos a crise da saúde pública em que estamos mergulhados.
CARLOS EDUARDO DE MATTOS é vereador (PP-RJ) e foi coordenador do serviço de emergência do Hospital Municipal Miguel Couto.