Há um movimento em curso, entre seguradoras e empresas de medicina de grupo, para barrar o acesso de pessoas físicas aos planos de saúde. Às voltas com a maior crise financeira de sua história e impedidas de impor reajustes não negociados a seus clientes, as operadoras do setor, em sua maioria, optam por centrar foco nos planos empresariais – onde o risco é diluído e há mais liberdade para aumentar preços.
Para manter o agora indesejável cliente individual afastado, as empresas têm promovido reajustes em suas tabelas e reduzido a remuneração dos corretores que vendem seus produtos. Os preços dos novos planos subiram, segundo estimativas do mercado, cerca de 40% de um ano para cá. Ao mesmo tempo, a comissão dos corretores caiu de 200% para 10% sobre o valor da primeira mensalidade – em alguns casos, ela foi reduzida a zero. “A gratificação agora não paga nem o gasto com combustível”, diz um corretor de São Paulo, que prefere não ser identificado.
Assim, quem não tem carteira de trabalho assinada tem de suar a camisa, e esvaziar os bolsos, para ter acesso à medicina privada. “A tendência é que os planos individuais e familiares desapareçam do mercado”, admite Arlindo de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que fala em nome de 300 empresas do ramo.