contato@sindipar.com.br (41) 3254-1772 seg a sex - 8h - 12h e 14h as 18h

Brasil é 4º país em mortes violentas de jovens

O Brasil é o oitavo país do mundo em mortes violentas, com uma taxa de 49,1 óbitos por 100 mil, segundo dados de 2005. Comparado a outros 82 países, o Brasil é o quarto com a maior proporção de jovens (de 15 a 24 anos) mortos de forma violenta, uma taxa de 79,6 por 100 mil. Os números fazem parte do relatório Mapa da Violência: os jovens da América Latina, da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), divulgado ontem em parceria com o Ministério da Justiça e o Instituto Sangari. As mortes violentas somam as ocorrências de homicídios, suicídios e acidentes de trânsito.

            Os países com piores taxas de homicídio juvenil são El Salvador, com 92,3 mortos em 100 mil; Colômbia, com 73,4; Venezuela, 64,2; Guatemala, 55,4; e Brasil, onde 51,6 adolescentes de cada 100 mil são assassinados.

            O Brasil é o terceiro país do mundo em índice de vitimização juvenil no quesito homicídios: a taxa de jovens mortos por assassinato é 170% maior do que a de brasileiros com menos de 15 e mais de 24 anos. Segundo o estudo, a desigualdade de renda explica 63,5% das mortes de brasileiros jovens. Para o conjunto da população, a concentração de renda explica 59,7% das taxas de homicídio.

            – O jovem está mais excluído dos empregos. É o grupo que mais sofre mortes violentas no Brasil – diz Jorge Werthein, diretorexecutivo da Ritla.

            Na América Latina, um jovem tem 30 vezes mais chance de morrer assassinado do que um jovem europeu. A taxa de mortalidade violenta entre eles na América Latina é de 43,4 por 100 mil. Nas demais faixas etárias, de 20,8 por 100 mil. Na Europa, 7,9 em 100 mil, a mais baixa do planeta. "Mais do que a pobreza absoluta ou generalizada é a pobreza dentro da riqueza, são os contrastes entre ambas, com sua seqüela de maximização e visibilidade das diferenças, a que teria maior poder de determinação dos níveis de homicídio de um país", diz o relatório.

            – A América Latina é a região mais desigual do mundo. A exclusão social é um forte indicativo, não o único, mas se observa correlação clara entre exclusão e violência – diz Werthein.

            – É a injustiça social que explica esse drama juvenil que está virando a América Latina. Nos países de baixa concentração de renda morrem mais não-jovens – observa Julio Jacobo Waiselfisz, autor do estudo.

            Para a Ritla, a redução de homicídios no Brasil a partir de 2003 coincide com a campanha do desarmamento. De 2003 a 2004, há queda de 5,5% nos óbitos com armas de fogo. Em 2005, 1,2% a menos, com relação ao ano anterior, e em 2006, 1,8%.

            Werthein diz que deve haver campanhas permanentes, principalmente nas escolas. Ele cita programas de sucesso no Rio: AfroReggae, Viva Rio, Comitê de Democratização da Informação e, em Nova Iguaçu , a experiência de a prefeitura oferecer infra-estrutura esportiva como extensão do período escolar. Ele defendeu a ampliação desses programas pelo governo e com parcerias com o setor privado. O secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, citou o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) como exemplo de ação para reduzir mortes.

            A Ritla usou dados oficiais mais recentes de cada país, enviados à Organização Mundial de Saúde (OMS). Os dados brasileiros são de 2005.