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CNS aguarda posicionamento do governo para Saúde

Com ênfase na necessidade de estabelecer um diálogo “franco” e “aberto” com o objetivo de construir uma Saúde melhor, o presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS), José Carlos Abrahão, defende o envolvimento de todo o setor – público e privado – na discussão sobre o tema, em um cenário globalizado. A CNS foi a responsável pela escolha do Brasil como sede para o Congresso Mundial da International Hospital Federation (Federação Internacional de Hospitais) – IHF, para a edição de 2009. Recém chegado da França, onde foi feito o anúncio da futura sede do evento, Dr. José Carlos Abrahão destacou, ainda, que a entidade está esperando o posicionamento do governo quanto à sua linha política para o setor, para, então, levar suas propostas.
     
     P&P – Trazer um evento deste porte para o Brasil é um grande marco para o setor. Qual a importância, para o País, de ter sido escolhido para sediar o Congresso Mundial da IHF?
     Dr. Abrahão – A realização de um evento como este no Brasil vai trazer a atenção internacional sobre o País e a América latina. É a hora de mostrar que temos capacidade de gestão e sustentabilidade necessária para discutir assuntos referentes à Saúde em todo o mundo. Trazer o Congresso para o Brasil é uma vitória que a Confederação Nacional de Saúde (CNS) se empenhou para conseguir. Não foi uma disputa fácil, porque estávamos concorrendo com um país da Europa – Lisboa – e um do Oriente Médio – Dubai, que tem grande apelo, com investimentos altos no setor. Agora, mais do que nunca, precisamos contar com a adesão de todo o setor, não só hospitalar, para discutirmos com o mundo sobre o assunto.
     
      P&P – O senhor acredita que o Brasil precisa ampliar seus horizontes em relação à globalização na área de saúde?
     Dr. Abrahão – Sim, claro! Nunca é demais conhecermos outros mercados e aprendermos novas tendências. É preciso, sim, melhorar a visão globalizada da Saúde e este é o momento para a troca de experiências. O Brasil é referência em muitas áreas, como o tratamento de AIDS, hemodiálises, o próprio Sistema Único de Saúde (SUS), mas precisamos nos apresentar ao mundo e aprender com o que tem acontecido em outros locais também. Além do mais, este é um congresso multidisciplinar, dirigido a todo o setor de saúde. Não é uma exclusividade do setor hospitalar. E faço questão de frisar: não há separação entre a saúde pública ou privada. Não vamos discutir questões de gestão específicas de um ou outro segmento, mas a saúde como um todo, como deve ser.
     
      P&P – Qual a infra-estrutura necessária para receber o Congresso?
     Dr. Abrahão – A IHF escolheu o Rio de Janeiro para sediar o Congresso Mundial. Já estamos negociando o grupo hoteleiro para receber os visitantes, verificando os patrocinadores e a programação. Veja, teremos uma feira de grande porte, com fornecedores, organizações e investidores de grande porte. O nível deste congresso é diferente, conta com a participação de multinacionais. Já contamos com o apoio da prefeitura da cidade, do Ministério do Turismo e já estamos sondando o Ministério do Desenvolvimento. Estamos aguardando, ainda, a nomeação do novo ministro da Saúde para podermos buscar o apoio. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), bem como a Abimo (Associação dos Fabricantes de Produtos Médicos e Odontológicos) e grandes laboratórios já estão sendo procurados para apoiarem o evento também.
     
      P&P – A demora do presidente Lula em definir a pasta de Saúde pode dificultar o cenário deste setor para este ano?

     Dr. Abrahão – Estamos preocupados em relação à linha política que o governo pretende seguir nesses próximos quatro anos, não apenas para 2007. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não trouxe, para nossa surpresa, nada sobre a área de saúde. É preciso lembrar que o setor emprega mais de cinco mil trabalhadores, contando com mais de 150 mil estabelecimentos de saúde. Como pode se falar em crescimento sem Saúde? Como falar de programas sociais – uma marca do governo Lula – sem falar em Saúde? Saneamento é algo importante, sim, mas acho que ainda falta uma discussão honesta sobre o assunto.
     
      P&P – A vitória de um médico, como é o caso do Chinaglia, para presidir a Câmara dos Deputados não pode significar um avanço?
     Dr. Abrahão – Esperamos que seja. Talvez, alguém com conhecimento de causa tenha mais sensibilidade para a questão. Mas isso é uma expectativa. O que notamos é que o governo precisa investir mais na área da saúde. Por exemplo, as entidades filantrópicas estão passando por dificuldades, principalmente por causa da defasagem da tabela do SUS. Ainda estamos esperando o posicionamento do governo para podermos dialogar. Não podemos fazer muito antes que seja definido quem ocupa o Ministério da Saúde, por exemplo. Mas estamos certos de que, assim como para com qualquer outro parceiro, precisamos de um diálogo franco e honesto para construir uma Saúde melhor.