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Comissão revela falhas em controle de infecções no pronto-socorro do HC

            Até sabão para lavar as mãos faltava na unidade, segundo visita feita em 18 de novembro pela subcomissão de infecção hospitalar do Instituto Central. Outros graves problemas foram encontrados, como o armazenamento de sangue ao lado de materiais limpos e de comida ao lado de comadres, recipientes utilizados para a coleta de urina dos doentes.

            Foi detectado ainda o uso indevido da substância glutaraldeído para a limpeza de instrumentos, o que é desaconselhado – especialmente após a epidemia de infecção hospitalar por micobactérias que atingiu diversas unidades do País.

            Também a vigilância sanitária estadual já advertiu a unidade sobre a necessidade de obras de adequação do PS, que atende cerca de 300 pessoas por dia.

            O HC é um hospital ligado ao governo do Estado, localizado na zona oeste de São Paulo, e o maior da América Latina. Obras de readequação do PS estão com mais de um ano de atraso e macas acumulam-se em razão da falta de espaço físico e de organização da rede de saúde. Apesar de há um ano o PS central só cuidar de urgências e emergências e não receber mais casos simples, continua sendo responsável pelo atendimento de grande número de doentes crônicos, cujos quadros de saúde se agravam e que acabam ficando muitos dias internados no local.

            Segundo o diretor-executivo do Instituto Central da unidade, Carlos Suslik, as visitas da subcomissão são comuns, feitas a cada seis meses e, depois de detectados os problemas, eles são corrigidos e o grupo retorna para verificar o que foi feito. Ainda de acordo com ele, somente por meio dos relatórios internos é possível saber a realidade dos problemas, pois assim os funcionários não temem informá-los. "O erro é um tesouro para que se tome ações."

            Suslik afirmou ainda que depois de registrada uma série de problemas na execução das obras, a empresa responsável desistiu e foi punida administrativamente – não poderá fechar novos contratos com o Estado. Nova licitação já foi aberta, mas o próprio diretor prevê que ela só recomece no início do próximo ano. Ele reconheceu, no entanto, que o atraso nas reformas contribui para os problemas apontados no relatório. "Mas alguns erros eram de processo mesmo", destacou.

            A subcomissão verificou ainda, na data da visita, que leitos para pacientes que necessitam de isolamento não estavam adequadamente apartados dos demais pacientes e que também outras áreas, como a que atende problemas vasculares, não estão adequadas para receber doentes.

            Foram encontrados ainda durante a visita da subcomissão aparelhos para verificar a pressão sujos de sangue, lixos transbordando, aplicação de medicação sem luvas, sinais de reaproveitamento de seringas para aspiração de medicações, fios elétricos expostos ao lado de cilindros de oxigênio e algodões contaminados com sangue perto de remédios. Ontem um bebê aguardava atendimento ao lado de sacos de lixo azuis com roupas – e marcados com a palavra "infectante".

             

Documento atesta preocupação e também o risco

 

            A situação do pronto-socorro do HC é igual a de muitas outras unidades públicas e privadas do País, afirma Renato Grinbaum, membro da diretoria da Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção – e que analisou, a pedido da reportagem, os dados do relatório. Ele destacou que, se por um lado o documento atesta a preocupação com a qualidade dos serviços, também demonstra que "há o risco em razão das falhas apontadas". "E embora se fale muito sobre lavar as mãos, o problema da falta de profissionais e de estrutura ainda é um fator extremamente importante para a ocorrência de infecções". O HC não informou ontem sua taxa de infecção hospitalar.