O ministro da Saúde, Humberto Costa, esforçou-se e tentou disfarçar, mas foi de despedida o clima de sua participação ontem na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, quando analisou sua gestão. No momento em que sua demissão é dada como certa dentro e fora do governo, Costa enumerou projetos e disse que nenhum antecessor fez mais nem melhor. Ele assumiu a possibilidade de sair ao falar da intervenção federal em hospitais públicos do Rio e demonstrou compreensão com as mudanças pretendidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
– Não há qualquer risco de solução de descontinuidade no que está acontecendo no Rio, independentemente de quem venha a ser o ministro ou da minha permanência ou do que quer que seja, porque o nosso compromisso é de vida com a saúde da população – disse.
Perguntado sobre o fato de sua demissão ser dada como certa, respondeu que o assunto é “único e exclusivo” de Lula:
– Nosso governo precisa ter sustentabilidade política no Congresso e fora dele. E todas as medidas que o governo venha a tomar terão o meu integral e irrestrito apoio, ainda que isso possa mexer em qualquer situação específica da saúde.
Costa negou que a intervenção tenha seguido a estratégia de tentar permanecer no cargo ou sair com uma boa imagem. E acusou o prefeito Cesar Maia de usar o episódio politicamente.
Dirceu pede a PMDB que abra mão de Comunicações
Para viabilizar a acomodação do PP no governo, o PMDB recebeu do chefe da Casa Civil, José Dirceu, um apelo para abrir mão do Ministério das Comunicações. O pedido foi feito por telefone ao presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). Mas a iniciativa não acelerou a reforma ministerial, porque o PMDB não recebeu uma contraproposta.
Diante da situação do PMDB, o governo pode não cumprir acordo com o PP de que o deputado Ciro Nogueira (PI), afilhado do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PE), seja nomeado para a pasta. O líder do PP, deputado José Janene (PR), não esconde a irritação.
– Não somos pelanca para completar carne de terceira. O governo nos prometeu um carro que é o Ministério das Comunicações. Mas se vendeu o carro antes para outro partido, tem que nos compensar com um carro melhor.
Escolhido pela bancada, Nogueira já fala como ministro, mas não conseguia explicar sua afinidade com o principal tema do ministério que pode ocupar.
– Sou um amante das Comunicações – disse ele, lembrando que sua família já controlou duas emissoras de rádio.
