Nos últimos quatro anos, foram registrados 95 óbitos de pacientes que estavam à espera de um leito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na macrorregião de Londrina. Somente em julho deste ano, ocorreram 22 mortes de pacientes nas mesmas condições. Os números da saúde pública incluem Apucarana, Arapongas, Ivaiporã e todos os demais municípios do Vale do Ivaí.
Para reverter este quadro, o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde estão investindo no credenciamento de novos leitos, através do Sistema Único de Saúde (Sus). Nesta semana, foi assinado o protocolo para liberação de 208 leitos de UTI em âmbito estadual. Também existe compromisso de ampliar a rede com mais 127 leitos até março de2004. O déficit atual do Estado é estimado em 172 leitos pelo governo.
Nesta leva de credenciamento, a região polarizada por Apucarana está sendo contemplada com apenas mais 4 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo. Os quatro leitos adultos foram autorizados para o Hospital Santa Helena e já estão sendo ativados.
Para os próximos meses, o Estado assumiu o compromisso de liberar mais 9 leitos para Apucarana, sendo 5 UTIs para adultos e 4 neonatal. Porém, a proposta esbarra num problema de difícil solução: os hospitais não dispõem de recursos para novos investimentos. Da oferta de 9 leitos, 7 estão sendo dispensados pelos hospitais de Apucarana. Para cada leito credenciado, de nível 2, o SUS paga uma diária de R$ 164/dia.
Estrutura implica em gastos
com aparelhos e manutenção
Jair Ferreira
Providência não dispõe de espaço físico em sua UTI e poderá dispensar a oferta de mais 5 leitos
A instalação de novos leitos de UTI implica em gastos com estrutura física, compra de diversos aparelhos e equipamentos e ainda na formação de equipes multidisciplinares, incluindo médicos intensivistas, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, auxiliares de enfermagem e enfermeiros. Quem explica é Maria José Sanches Vaz, diretora do Hospital Santa Helena.
No caso específico deste hospital, ela diz que a proposta do Estado para implantação de mais 4 leitos neonatal não poderá ser atendida. “Já demos a resposta a eles: vamos aceitar apenas mais 2 leitos, devido ao custo do investimento e à disponibilidade de espaço físico”, informou a diretora.
Com relação ao Hospital da Providência, que já dispõe de 10 leitos de UTI para adultos, um integrante do corpo clínico, admitiu ontem que não existe espaço físico para ampliação deste setor. Seria necessária a construção de uma nova ala, dentro dos criteriosos padrões exigidos pela saúde pública, e isso não está previsto nas prioridades de momento do Hospital da Providência. A diretora, irmã Iracema Vujanski, não foi encontrada ontem para falar a respeito. A reportagem também não conseguiu contato com Hertes Hassegawa, assessor administrativo do Providência.
Ao Hospital Regional João de Freitas, o Estado está oferecendo mais 5 leitos de UTI adulto. Porém, em Arapongas, a situação é inversa. O hospital está concluindo obras para mais 15 leitos adultos e outros 15 para UTI infantil e neonatal. O médico Roberto Kock, diretor geral do “João de Freitas”, esteve nos últimos dias em Curitiba, reivindicando o credenciamento de mais leitos. O hospital, que já é referência em algumas especialidades – incluindo cirurgia cardíaca -, atende pacientes de todo o Estado.
Ivaiporã quer ampliar setor
Da Sucursal de Ivaiporã
A chefe da 22ª Regional de Saúde (RS) de Ivaiporã, Neuza Pessuti Francisconi, revela que a Secretaria de Estado da Saúde já confirmou proposta de credenciamento para mais cinco leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto e outros quatro leitos neonatal para Ivaiporã. Três leitos para adultos estão sendo pleiteados pelo Hospital Maternidade Ivaiporã e os demais, incluindo inclusive os de neonatal, pelo Hospital Bom Jesus. “O secretário Cláudio Xavier já confirmou que essa cota para a região será atendida e estamos confiantes que estes dois hospitais serão contemplados”, disse Neuza.
O diretor auxiliar do Hospital Maternidade Ivaiporã, Lourival Mossini, disse que a instituição está com toda sua estrutura preparada para o credenciamento dos três leitos requeridos. Atualmente, o hospital conta com nove leitos de UTI´s. Destes, sete são do tipo 2, ou seja, adulto, e dois pediátricos.
Já no Hospital Bom Jesus, o gerente geral Celso Celestino Silva anuncia que está concluindo uma estrutura para mais 18 leitos de UTI neonatal (12 básicos, 3 intermediários e 3 avançados). A atual estrutura de UTI do Bom Jesus conta com oito para adultos, dois pediátricos e dez neonatal. Os dois hospitais atendem a Central Estadual de Leitos.
Segundo diretores dos dois hospitais, a demanda de pacientes de UTI´s atendida pelo SUS é expressiva em Ivaiporã, onde os dois principais hospitais mantêm 15 leitos para adultos, 4 pediátricos e 10 neonatal. A maioria destes leitos está cadastrada na Central Estadual de Leitos e recebe pacientes de várias regiões do Estado. “Se o atendimento fosse destinado somente aos pacientes dos municípios da 22ª Regional, os leitos seriam suficientes”, diz o diretor auxiliar do Hospital Maternidade Ivaiporã. Segundo ele, todos os meses a cota de internamentos pelo SUS é ultrapassada.