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Falta de material radioativo já reduz exames

            Hospitais e clínicas brasileiras começaram ontem a reduzir pela metade o número de cintilografias  exames usados no diagnóstico de várias doenças, inclusive o câncer  por falta de um material radioativo importado do Canadá. Por dia, o país realiza ao menos 8.000 cintilografias nos 400 serviços de medicina nuclear.

            Ontem, os serviços de medicina nuclear receberam o equivalente a 10% do material que costumam obter semanalmente e, se não for encontrado um outro fornecedor, a partir de amanhã só serão feitos exames de emergência, segundo a SBBMN (Sociedade Brasileira de Biologia e Medicina Nuclear). "Se não conseguirmos outro fornecedor, a partir de amanhã a situação ficará caótica", diz José Soares Júnior, presidente da SBBMN e do serviço de medicina nuclear do Incor (Instituto do Coração).

            O material radioativo, chamado tecnécio 99m, é fornecido pela empresa canadense MDS Nordion, a maior produtora mundial. Semanalmente, a matéria prima do tecnésio (molibdênio 99) chega ao Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), que fraciona o material e o encaminha aos serviços de saúde.

            A falta da substância ocorre porque a National Research Universal, em Ontário (Canadá)  que produz esse material para a MDS Nordion  parou seu reator para manutenção. A previsão de retorno é para meados de janeiro.

            Nas cintilografias  exame que permitem a visualização de um órgão ou de tecidos internos , esse material radioativo "marca" o alvo do estudo. É usado, por exemplo, na investigação de tumores, das artérias, das funções renais e em problemas pulmonares e hepáticos.

            No Incor, só 40 dos 80 pacientes que fariam cintilografias hoje devem ser atendidos. O mesmo acontece no hospital Sírio Libanês, que já suspendeu ao menos 300 exames no setor de oncologia agendados para esta semana.

Ipen

            Em uma semana, o Ipen recebeu uma quantidade do material equivalente a 14% do usual. Em nota, o superintendente do Ipen, Claudio Rodrigues, disse que o problema também afeta outros países.

            Rodrigues afirma ainda que, para amenizar a situação, o Ipen produzirá uma quantidade seis vezes maior de tálio 201 (outro elemento radioativo que pode ser usado nas cintilografias) por semana. Porém, o uso desse outro material é restrito aos diagnósticos cardiológicos. As outras áreas médicas  oncologia, nefrologia e endocrinologia, por exemplo  dependem do tecnésio.