As irmãs do hospital resolveram seguir o modelo do mercado e profissionalizar a gestão. Foi muito difícil para as freiras da Congregação das Irmãs de Santa Catarina decidir, há cerca de 20 anos, pela profissionalização da gestão do Hospital Santa Catarina (HSC), localizado na região privilegiada da Av. Paulista,
Entregar o negócio nas mãos de leigos poderia colocar em risco a maior fonte de renda da entidade e comprometer o trabalho social realizado em várias outras áreas. Por outro lado, as irmãs tinham consciência das exigências do mercado de saúde.
"Foi uma atitude corajosa profissionalizar a gestão e um processo muito complicado", conta a irmã Rute Redighieri, diretora geral do Hospital Santa Catarina. Afinal, desde 1906, quando foi aberto o então Sanatório Santa Catarina, um hospital católico que se especializou em operações cirúrgicas, eram as irmãs que controlavam todo o orçamento na ponta do lápis.
O processo de profissionalização contou com a ajuda de um grupo de gerência hospitalar do Hospital São Camilo. Inclusive, as irmãs tiveram que mexer na constituição da própria entidade religiosa, originária da Alemanha e que há 400 anos atua no Brasil. No final da década de
A iniciativa deu certo. A congregação conta hoje com 25 projetos assistenciais, nas áreas de saúde e educação, voltados para o atendimento da população carente – além dos projetos de cunho religiosos. E são os recursos das atividades superavitárias, como o Santa Catarina, que garantem a manutenção dos projetos.
"O HSC não atende o Sistema Único de Saúde (SUS), mas administramos outros hospitais, como o de Cáceres, a
Todos os recursos são do próprio caixa da entidade. "Já pensamos em fazer empréstimos, mas por enquanto, só como um piloto para futuros projetos", diz Fábio Tadeo Teixeira, diretor executivo do Santa Catarina. A expectativa é que o hospital tenha um crescimento de 13% na receita neste ano. Uma das estratégias é atrair pacientes internacionais. O hospital acaba de conseguir a acreditação internacional do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), baseado na metodologia canadense.
Parceria público-privada
O modelo de gestão criado pelas irmãs foi tão bem sucedido, que em
A remuneração da OSS é feita por meio de um contrato de gestão renovado anualmente. Neste contrato, o estado mantém a responsabilidade de manutenção financeiras dos hospitais, além de controlar como e onde será investido o dinheiro público, já a entidade filantrópica assume a administração dos hospitais e tem, em contrapartida, vantagens tributárias.
No caso da congregação, a maior vantagem é a utilização do número de leitos para garantir o status de filantropia de seus hospitais, afirma Teixeira, que já atuou como diretor do Hospital Pedreira. Recentemente, a congregação foi chamada pelo Governo do Estado de São Paulo para assumir também a gestão do Hospital do Grajaú, anteriomente sob comando da Organização Santamarense de Educação e Cultura (Osec), proprietária da Universidade de Santo Amaro (Unisa), e do Hospital Itapevi, que era gerido pelo Sanatorinhos.
Segundo a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, os contratos com os antigos gestores foram interrompidos por solicitação dos mesmos. A Osec alegou que passaria por uma reestruturação interna que poderia comprometer a gestão da unidade. E o Sanatorinhos afirmou que em virtude de outros compromissos assumidos não poderia mais gerir o hospital de Itapevi. Ambas entidades, consultadas pela Gazeta Mercantil. preferiram não se manifestar.
Segundo Teixeira, o desafio é bem distinto de quanto a entidade assumiu o Pedreira, especialmente porque os hospitais já estão
"Recebemos os recursos e decidimos onde aplicá-los, sem burocracia", explica. O mesmo se aplica à contratação de médicos não concursados. (Portal Saúde Business)