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Hospitais do Norte Pioneiro funcionam com prejuízo

As dificuldades financeiras não são de agora, assim como o que as geram. A diferença, sempre negativa, entre o repasse do Sistema Único de Saúde (SUS) e os gastos, faz com que os centros médicos se virem como podem para continuar funcionando.

O Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, em Quatiguá, segundo a tesoureira Denise Ramos, não tem dívidas. No entanto, ela afirma que a dificuldade é ter que economizar em tudo, até para conseguir pagar os funcionários. “Já passamos por meses (há três anos e no ano passado) que ficamos sem verba para pagar os funcionários. Este ano, começamos novamente apertados”, diz.

Ainda de acordo com Denise, o hospital “está acabado” e precisando de uma reforma geral. Além disso, o centro cirúrgico está defasado. Para construção de um novo centro cirúrgico, três festas já foram feitas, para arrecadar verba. A quarta será no próximo mês. “Houve época que pedíamos doações. Já fizemos rifas. Assim vamos tentando manter”, conclui.

Em Wenceslau Braz , no Hospital de Caridade São Sebastião, a situação não é diferente. O centro atende 95% de paciente do SUS. “Todos os hospitais aqui da região passam por esse mesmo problema. Estamos, sim, vivendo uma época bastante difícil, principalmente nos últimos dois anos”, afirma a diretora Rosilene Aparecida de Morais. Ela afirma que o hospital não tem nenhum dinheiro em caixa. “As festas, rifas e outras alternativas ajudam, mas não resolvem o problema”, completa.

A Santa Casa de Misericórdia de Cambará é outra que sempre “trabalha no vermelho”. De acordo com a administradora do hospital, Maria Aparecida Tinelli, em 2007, um bazar com produtos apreendidos e cedidos pela Receita Federal ajudou a quitar as dívidas. No entanto, a dificuldade permanece. “O déficit que temos é mensal. Normalmente atrasamos o pagamento dos salários, dos fornecedores. Além disso, não conseguimos melhorar o centro cirúrgico”, afirma.

A administradora afirma que a dificuldade está até em pagar médico para plantão permanente, que não há. “As coisas ficam sucateadas. Já fizemos almoços beneficentes, bingo. Vamos ver o que mais vamos fazer”, desabafa.

Femipa

O presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Paraná (Femipa), Charles London, afirma que a causa básica das dificuldades é a mesma para todos os hospitais que atendem prioritariamente o SUS. “Se você parte do princípio que teu comprador de serviço paga um valor insuficiente para cobrir seu custo, isso vai gerar defasagem de caixa”, afirma. Ainda segundo o médico, é um problema geral e “os hospitais apenas continuam atendendo na expectativa de que uma medida volte a trazer o equilíbrio”.