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Hospitais vão à Justiça pedir repasse das AIHs

Reivindicação – a categoria quer que o governo pague o atendimento excedente e os recursos bloqueados

A presidente do Sindicato dos Hospitais de Cascavel, Carla Lima, divulgou, ontem, que os hospitais conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde) irão recorrer à Justiça para receber o excedente ao teto proposto pelo governo para o repasse das AIHs (Autorização para Internamentos Hospitalares), bem como a liberação da verba retida desde o dia 1º de abril.
De acordo com Carla, durante todo o ano foram realizadas tentativas de um acerto com o governo, o que não aconteceu. “Tentamos conversar, mas não houve um acordo. Por isso, agora cada hospital vai entrar, via judicial, com um pedido de revisão do caso. Está é a única alternativa que encontramos para resolver o problema”, disse.
Olvídio Rohde, diretor do Hospital Policlínica, garante que os hospitais estão enfrentando dificuldades em atender pelo SUS. “Temos que cumprir este teto, ou então não recebemos. O problema é que quando esse valor excede, não podemos recusar pacientes e a situação fica complicada porque não vamos receber pelo atendimento prestado. Além disso, os valores estão defasados e os gastos com UTIs não são mantidos pelo Estado”, afirmou.
O diretor da 10ª Regional de Saúde, Jorge Trannin, explicou que a medida adotada pelos hospitais será analisada pelo Estado, mas que isso requer um processo burocrático demorado. “Reconhecemos que eles têm o direito de reivindicar. Só que para que o Estado efetue o repasse será preciso encaminhar o pedido, com a fatura referente ao valor requisitado, dos hospitais a Curitiba, onde será feita uma análise do caso. Depois dessa análise veremos se há necessidade desse repasse ou não”, enfatizou Trannin.
A presidente do Sindicato dos Hospitais salientou que a procura de auxílio judicial para solucionar o impasse criado em torno das AIHs foi discutido e apreciado depois de muita conversa com o governo. “Para os hospitais há um dificuldade muito grande em manter convênio com o SUS nessas condições. O déficit financeiro está muito além das nossas capacidades”, destacou Carla Lima.
O critério para entrar com pedido judicial de revisão do caso partirá de cada hospital. “Essa decisão fica a critério de cada hospital, não forçaremos a nada”, disse a presidente do sindicato.

Governo estabelece teto para as AIHs

No dia 1º de abril deste ano, o governo do Estado promoveu um corte o custo médio das AIHs (Autorização de Internamento Hospitalar), a fixação de um teto no orçamento e a ameaça de não pagar o excedente.
O governo alega que a medida seja necessária para reverter um déficit de R$ 30 milhões na saúde pública. Por isso, segundo o governo, há a necessidade de rever o custo das AIHs e cortes nos valores praticados atualmente.
Para os hospitais, o maior problema é que não pode haver recusa de pacientes e se a cota estabelecida pelo Estado estourar, os custos são bancados pela instituição.

Em protesto, moradores pedem mais atendimentos

Cerca de 35 moradores protestaram ontem em frente a UBS (Unidade Básica de Saúde) do Bairro Cataratas em Cascavel contra a falta de atendimento médico. Segundo os moradores, desde maio a unidade não vem disponibilizando consultas no setor clínico-geral. Em alguns casos, a falta de profissionais nos postos de saúde da cidade está relacionada aos protestos que a categoria também vem realizando contra a prefeitura, no que se refere a carga horária de trabalho exigida. Neste sentido, os cerca de 100 médicos e 60 dentistas que trabalham nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) de Cascavel param hoje as suas atividades pela 11ª vez. Mais informações na matéria ao lado.
“Fiquei 60 dias doente, com minha garganta inflamada e cheguei até a perder a voz. Durante todo este período eu não consegui atendimento no posto de saúde, por falta de médico”, comenta a doméstica Maria Zoneide Ronchi, de 47 anos.
Em seu depoimento, a costureira Elizabete Poli, de 44 anos, ressalta que a falta de um médico clínico-geral no posto de saúde do bairro já está ficando insustentável. “Apesar dos representantes municipais insistirem em dizer em seus discursos que o importante é a prevenir as doenças, nada a respeito vem sendo feito em Cascavel. Deveria inclusive, existir uma lei que obrigasse os prefeitos a cumprir as promessas que fazem”, complementa.
De acordo com o presidente do Bairro Cataratas, Evantir José de Camargo, além da falta de profissionais da área médica para trabalhar nos postos de saúde, a quantidade de atendimento oferecido pelos médicos está sendo insuficiente. “Muitas pessoas madrugam nos postos de saúde e não conseguem atendimento. Precisamos de melhorias na saúde”, conclui.
SOLUÇÃO
Por volta das 9h30 de ontem, um médico clínico-geral foi encaminhado pela prefeitura ao posto de saúde do Bairro Cataratas para prestar atendimento. Da mesma forma, um cartaz foi fixado na parede do posto pelos funcionários deste, informando quais os horários que o mesmo médico deveria atender durante todos os dias da semana.

Mobilização por melhorias
Os cerca de 100 médicos e 60 dentistas que trabalham nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) de Cascavel, interrompem hoje as suas atividades pela 11ª vez. Os mesmos protestam contra as imposições feitas pela prefeitura através da aprovação do Plano de Cargos e Carreiras da categoria, no que se refere ao tempo de serviços prestados. Os atendimentos devem permanecer hoje centralizados no PAC (Posto de Atendimento Continuado). Até o final da tarde de ontem, o secretário de comunicação, Paulo Pegoraro, não se manifestou a respeito do protesto dos moradores e dos médicos.