Todos os dias, cerca 350 pessoas batem à porta do Hospital do Câncer de Londrina (HCL). Algumas ainda nem tiveram o diagnóstico da doença, outros comparecem às sessões de rádio e quimioterapia. Na grande maioria dos casos, o hospital, que funciona há 40 anos, representa a única esperança de luta pela vida: 93,5% dos pacientes são do Sistema Único de Saúde (SUS).
Apesar disso, o sistema repassa apenas o correspondente a 20% do valor gasto por leito, o que inclui custeio de medicamentos, folha de pagamento, aquisição e manutenção de equipamentos, alimentação de acompanhantes e gastos com lavanderia. São 148 leitos cuja diária recebida do SUS é de R$ 100 cada.
Por mês, o HCL tem um déficit de aproximadamente R$ 100 mil, que vem diminuindo. Quando a atual gestão assumiu, em abril de 2005, a dívida do hospital aumentava R$ 270 mil a cada 30 dias. Por mês, os gastos gerais do hospital consomem quase R$ 1 milhão. “Achamos que era uma missão quase impossível salvar o hospital. Mas essa responsabilidade foi abraçada pela comunidade”, afirmou o diretor presidente, Nelson Dequech.
De acordo com Dilza Dequech, coordenadora do voluntariado do hospital, os 80% que faltam para completar a verba do SUS dependem da colaboração da comunidade, que não é suficiente. "Gastamos R$ 250 mil com medicamentos. O médico receita, temos que comprar, e quem custeia é o voluntariado", disse Dilza. Sem o apoio sociedade, garante ela, o HCL já teria fechado as portas.
O HCL atende pacientes de 210 municípios do Paraná. Alguns vêm de longe e, além de estarem doentes, não têm dinheiro para pagar hospedagem. Para recebê-los, existe uma casa de apoio que atende até 24 pessoas. O imóvel foi uma doação da Sercomtel neste ano. No local, podem ficar pessoas que estão em tratamento e precisam permanecer vários dias em Londrina.
Fátima Ribeiro de Siqueira, de 44 anos, ficou um mês na casa para sessões de quimioterapia. Ela tinha um tumor, teve de tirar a mama direita, perdeu os cabelos e teve alta na última quinta-feira. "Fui tratada com o que tem do bom e do melhor. Se não fosse o hospital, eu teria morrido", afirmou.
Feliz por poder voltar para casa em Jacarezinho, ela ainda terá de retornar algumas vezes ao HCL. "Eu vou com o coração apertado. Na casa um cuida do outro, tem um carinho de família, vou sentir saudades", disse Fátima.
Serviço – O Hospital do Câncer de Londrina só recebe doações pela conta de luz ou pelo carnê emitido pela instituição. Não há pessoas autorizadas a buscar dinheiro pessoalmente ou por telefone em nome do hospital. Quem quiser colaborar deve ligar para 3343-3300.