A câmara técnica formada por representantes dos hospitais da Cidade, gestores da saúde e pela 17ª Regional de Saúde se reuniu ontem para discutir a implantação de um protocolo para regularizar a utilização de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O protocolo será elaborado pela câmara técnica e estendido aos 20 municípios que a 17.ª Regional abrange.
Essa necessidade foi apontada na última terça-feira, quando Ministério Público e representantes de hospitais foram convocados depois que uma auditoria operacional da 17ª Regional revelou que a taxa de ocupação para o Sistema Único de Saúde (SUS) em leitos de UTI é 30% menor do que deveria ser. A chefe da 17ª Regional, Vânia Gutierrez, disse que já foram tomados encaminhamentos para solucionar o problema.
Com a implantação deste protocolo, segundo a chefe da 17ª Regional, o fluxo de indicações para UTI deve diminuir, já que há falhas nesse processo. “O protocolo vai permitir avaliar melhor a situação do paciente e a indicação de UTI, e evitar casos já mencionados de pessoas que têm indicação de UTI e chegam ao hospital caminhando”, disse.
O diretor clínico do Hospital Universitário (HU), Sinézio Moreira, disse que o protocolo vai traçar um perfil mais fiel das necessidades do paciente. “Todo procedimento médico tem que ter um protocolo. As indicações de UTI seguirão critérios uniformizados”, afirmou Moreira.
Ele explicou que, atualmente, a indicação para cuidados intensivos é feita com base em um formulário chamado “Informação Detalhada do Paciente”, que não estabelece critérios rígidos para a recomendação. “Eu posso enxergar o quadro de uma determinada maneira, mas não há uma pontuação de critérios preponderantes”, disse o diretor do HU.
Desde o dia 28 de fevereiro existe uma fila de pacientes que aguardam transferência para leito de UTI, que já chegou a seis pessoas. No final da tarde de ontem duas mulheres (de Londrina e Cambé) e um homem (de Jataizinho), com idades de 40 a 73 anos, aguardavam vaga.
O gestor institucional do Hospital Evangélico, Carlos Alberto Preto, disse que a iniciativa é extremamente importante para o trabalho nas UTIs e que já deveria ter sido adotada. “O hospital de alta complexidade tem que se comportar como terciário e atender casos mais graves. Para isso, precisa haver melhor encaminhamento”, avaliou Preto.
Segundo Vânia Gutierrez, a câmara técnica propôs ainda a capacitação de profissionais de saúde da atenção primária e secundária. “Não adianta discutir pacientes graves sem ver a assistência básica e de média complexidade. Não adianta olhar só o final da pirâmide”, comparou.
A capacitação deve ser providenciada pelo Pólo Regional de Educação Permanente em Saúde, que reúne hospitais, universidade, a 17ª Regional, o Município e outros elementos gestores da saúde.