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Lula pede ao PMDB um médico para o Ministério da Saúde

 

            O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao PMDB a indicação de um nome técnico para o Ministério da Saúde. O partido estava inclinado em sugerir o nome de um deputado federal ou até a promoção do presidente da Fundação Nacional de Saúde, Paulo Lustosa. A chamada ala independente da sigla havia optado pelo deputado Moreira Franco (RJ), ex-assessor especial do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso.

 

            Em conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros, na quinta-feira passada, no fim do jogo entre Brasil e Japão, Lula afirmou preferir um médico para a Pasta, um técnico com notório saber na área da saúde. Caciques pemedebistas, em avaliação posterior, concordaram com o presidente, sobretudo por entender que seria "complicada" a nomeação de um político em pleno processo eleitoral.

 

            O perfil desenhado pelo presidente descarta Moreira e também Paulo Lustosa, diretor da Funasa, indicado pela ala governista com apoio das bancadas da Câmara – que reivindica o cargo m – e do Senado, que já preencheu sua cota com a nomeação do ministro Hélio Costa (Comunicações). Alguns líderes pemedebistas ainda têm expectativa da confirmação da nomeação de Lustosa até a sexta-feira, dia 30.

 

            A nomeação de um pemedebista para a Saúde é um movimento de Lula no sentido de consolidar a participação da maioria do partido em sua campanha eleitoral. No segundo mandato, a intenção do presidente é atrair o PMDB para compor, junto com o PT e outros partidos aliados, uma base de sustentação parlamentar forte no Congresso. Há resistências no PT ao avanço pemedebista no governo.

 

            Diante do perfil técnico desenhado por Lula, Renan sugeriu ao presidente o nome do médico cardiologista José Vanderley, de Alagoas, candidato a vice na chapa do senador Teotônio Vilela (AL), que concorre ao governo do Estado com apoio do PMDB. A proposta não teve receptividade no partido, porque teria um único significado: a força pessoal de Renan. O médico Ernani Mota, que já ocupou diversas funções no Ministério da Saúde, também está sendo avaliado, mas sua nomeação é pouco provável.

 

            Os chamados "independentes" do PMDB consideram qualquer nome indicado exclusivamente pelos governistas como "ministro de guerra", porque voltaria a dividir os dois grupos e reforçaria a imagem fisiológica do partido. "Seria como vender terreno na lua ao presidente, ou seja, prometer um apoio majoritário do partido, quando isso não acontecerá", disse um integrante do grupo.

 

            Para eles, se não houver divisão de poder entre as duas alas pemedebistas, o ideal será manter a situação atual até o fim de dezembro para redefinir o papel do PMDB em um eventual segundo mandato de Lula. O partido tinha o Ministério da Saúde, mas o deputado Saraiva Felipe (MG) saiu para concorrer a outra vaga na Câmara. O PMDB tem ainda os ministérios das Comunicações e de Minas e Energia.

 

            O grupo não alinhado ao Palácio do Planalto, integrando pelos deputados Geddel Vieira Lima (BA), Michel Temer (SP) e o próprio Moreira, entre outros, aproximou-se recentemente dos governistas do partido por circunstâncias eleitorais: todos foram contra a tese da candidatura própria do PMDB a presidente. Na defesa da indicação de Moreira o argumento é que um nome emblemático como o dele, que foi assessor especial de FHC, sinalizaria a Lula unidade partidária e que ele poderia contar com o apoio do partido inteiro e não de apenas um grupo.