O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou hoje (18) a possibilidade de criação de um novo tributo neste ano para compensar as perdas com o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
"Só no ano que vem vamos mexer com essa questão de algum outro tributo. Por enquanto, não tem nada definido", afirmou Mantega, ao final de cerimônia de inauguração das instalações dos escritórios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil na capital uruguaia.
Mantega não confirmou se as medidas que vão ser adotadas pelo governo para compensar perdas com a arrecadação da CPMF incluem o corte de emendas parlamentares, conforme foi mencionado, mais cedo, também em Montevidéu, pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Questionado se o Decreto 6306, do presidente da República, publicado ontem (17) no Diário Oficial da União, retiraria do ministro da Fazenda o poder de reajustar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Mantega disse que isso é "uma bobagem". Segundo matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, o decreto teria sido editado para evitar que Mantega elevasse a alíquota do IOF para compensar a perda dos recursos arrecados com a CPMF.
"É uma regulamentação que já estava em curso desde outubro. Desde 2004, o ministro da Fazenda não faz modificação no IOF. O ministro Palocci fez, por decreto, com o presidente em 2004. É somente isso", afirmou Mantega.
As medidas de compensação da CPMF vão ser discutidas amanhã (19), pela primeira vez, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos ministros Guido Mantega, Paulo Bernardo, Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, e José Múcio Monteiro, de Relações Institucionais.
Medidas para compensar
Até o final desta semana, o governo federal deverá anunciar medidas emergenciais para compensar o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), informou ontem (17) o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
"O anúncio das medidas emergenciais, ou seja, a redução de gastos e alguma modificação em tributos, deverá ser até o final da semana, se nós consideramos que elas já estão amadurecidas", afirmou o ministro, em Montevidéu, onde participa das reuniões preparatórios da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul.
De acordo com Mantega, o governo descarta o envio de nova proposta de emenda à Constituição (PEC) ao Congresso propondo um novo tributo.
"Não é o momento de se falar em PEC porque temos que cuidar da parte emergencial, que é a adaptação do Orçamento 2008 à nova realidade sem a CPMF, ou seja, com a ausência de R$ 40 bilhões", argumentou.
"A nossa tarefa, nesse primeiro momento, é definir os instrumentos, as medidas a serem tomadas para fazer essa adaptação. No segundo momento é que pensaremos o que fazer para a saúde", completou.
A maior parcela da CPMF destinava-se à área da saúde.
O ministro da Fazenda afirmou que ainda não há definição quanto às medidas e que não é possível fazer "especulação", mas assegurou que haverá corte de despesas.
Ele afirmou que o governo buscará alternativas que não afetem os programas sociais do governo federal e o crescimento do país, e causem o menor dano possível.