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Médicos criticam nova guia de planos de saúde

Um novo modelo de guia de atendimento, chamado TISS (Troca de Informações de Saúde Suplementar), implementado pela Agência Nacional de Saúde (ANS), preocupa o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e entidades de defesa do consumidor.

 

            No formulário, o médico é obrigado a colocar o código chamado CID (Classificação Internacional de Doenças), que identifica a doença do paciente.

            Segundo o Cremerj, isso significa quebra de sigilo e o médico pode até ser processado por falta de ética. Mas a ANS afirma que é possível criptografar o CID, o que garantiria o segredo da informação.

            Segundo a ANS, suas resoluções prevêem que o sistema de informações deverá manter a integridade da informação através do controle de vulnerabilidades, de métodos de autenticação, do controle de acesso e métodos de processamento dos sistemas operacionais conforme a norma ISO/IEC 15408, para segurança dos processos de sistema. Ou seja, a indicação é de que a informação da CID seja criptografada para que não seja possível cruzar o nome do paciente com a doença. Márcia Araújo, presidente do Cremerj, porém, não acredita que a criptografia seja uma forma infalível de proteger o paciente: – Temos que confiar em quem vai utilizar esta informação, ou seja, quem tem o poder de decifrar esta criptografia. Temo que as operadoras utilizem estas informações para não aceitar pacientes nos planos. E até, em casos de doenças ocupacionais, tentem negociar com a empresa, dando descontos para aquelas que tenham poucos funcionários com doenças que utilizam muito o plano.

            Para a gerentegeral de Integração com o SUS da ANS, Jussara Macedo, o preenchimento do CID permanece opcional nas guias de papel e só pode ser efetuado com autorização expressa do beneficiário.

            Ela ressalta que um dos principais benefícios do TISS é a garantia de sigilo, para resguardar a privacidade do paciente e a segurança da informação.

            Para ANS, TISS traz vantagem para todos Jussara diz ainda que a TISS traz vantagens para todos: – A TISS trará redução de custos, informação qualificada e agilidade na troca de informações, que favorecerão prestadores, beneficiários e operadoras.

            Para os beneficiários, maior rapidez na autorizações de exames de alta complexidade. Para os médicos, mais facilidade no preenchimento de guias unificadas, redução de glosas e menor tempo de espera nos pagamentos.

            Para as operadoras, informações mais seguras, menos burocracia e redução dos custos administrativos.

            Daniela Trettel, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e integrante do Conselho Nacional de Saúde, afirma que algumas operadoras estão exigindo a inclusão da CID desde agora, na guia de papel: – A colocação da CID acaba expondo muito o paciente, pois os pedidos de exames e autorizações passam por muitas pessoas. O uso de criptografia já é utilizado em outros sistemas e não é totalmente garantida a sua inviolabilidade. O Idec teme que sejam feitas listas negras dos consumidores que mais usem os planos.