Uma avaliação feita pela Comissão de Saúde do Médico, do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), com cerca de 230 clínicas e hospitais do Paraná, mostrou que, em 79% dos locais, há médicos que fazem uso de álcool, tabaco ou ansiolíticos. Os resultados dessa pesquisa serão apresentados, hoje, em Curitiba, em evento promovido pelo CRM-PR.
O coordenador da Comissão de Saúde do Médico, Marco Antonio Bessa, esclareceu que a proporção de médicos que usa substâncias químicas lícitas é semelhante à população em geral: entre 10% e 11%.
No entanto, algumas peculiaridades da classe médica tornam esses profissionais mais suscetíveis à dependência química como, por exemplo, a facilidade de acesso aos benzodiazepínicos (calmantes) e opióides (anestésicos); a carga excessiva de trabalho; e o estresse físico, mental e emocional a que estão sujeitos.
Considerando esses aspectos, a comissão do CRM-PR decidiu trabalhar,
inicialmente, com a dependência química. Segundo Bessa, que é psiquiatra e especialista nessa área, em um primeiro momento, a comissão irá atuar junto às clínicas e hospitais para incentivar a adoção de programas preventivos em relação ao tabagismo e ao álcool. A idéia é desenvolver campanhas, também, contra a automedicação, incentivando os profissionais a procurarem um colega médico para cuidar de sua saúde.
Outra proposta da Comissão de Saúde do Médico é identificar, junto aos estabelecimentos de saúde, os casos de dependência química e encaminhá-los para tratamento. Bessa ressaltou que o tabagismo e o alcoolismo são doenças crônicas como qualquer outra e que merecem diagnóstico e tratamento de longo prazo. ”O Brasil tem um entendimento equivocado da dependência química e, muitas vezes, coloca isso como uma falha de caráter”, criticou.
A experiência do Conselho de Medicina de São Paulo na atenção ao médico dependente químico que necessita de tratamento poderá subsidiar a estratégia a ser implementada no Paraná. O psquiatra Ronaldo Laranjeira, que participou do projeto de reabilitação de médicos dependentes de drogas em São Paulo, e vem pesquisando o perfil clínico dos profissionais, estará no evento promovido, hoje pelo CRM-PR.
O trabalho da Comissão de Saúde do Médico segue orientação do Conselho Federal de Medicina e deverá se dedicar a outros programas voltados à melhoria da qualidade de vida da classe médica.