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Médicos e Planos

Nos últimos dez anos, os planos de saúde conseguiram reajustar os valores cobrados dos associados em cerca de 400%. Em contrapartida, os médicos, no mesmo período, não tiveram êxito na luta para ver implantada a chamada Classificação Hierarquizada de Procedimentos que garantiria, pelos valores atuais, elevar de R$ 23 para R$ 42 (54,7%) a remuneração por cada cliente atendido.

A coluna Informe DF (4/9) agrega, aos já amplamente divulgados argumentos, mais alguns elementos que justificam, em grande parte, a intransigência da categoria frente à resistência das empresas em majorar a remuneração que lhe é paga. Uma tabela elaborada por um leitor do JB mostra que enquanto o médico recebe R$ 38 pela passagem de um cateter venoso, através de procedimento cirúrgico, a passagem de uma fiação para instalação de telefone e internet em residência custa R$ 85. Outras comparações são feitas e, na maioria delas, o médico está em desvantagem. Senão vejamos: um corte de cabelo custa, em média, R$ 20 e uma consulta médica R$ 23.

O médico lida com o que há de mais importante para as pessoas: a saúde. Dele é exigida dedicação plena, pois em inúmeras situações está em suas mãos a vida ou a morte do cidadão. E nas últimas décadas, com o sucateamento da rede pública de saúde, os planos privados tornaram-se alternativa concreta e caminho natural para a maioria dos indivíduos com melhor poder aquisitivo. Mas o tratamento dispensado aos profissionais de saúde pelas empresas exige uma avaliação rigorosa do Estado.

Alegar que vivemos tempos de economia aberta, na qual prevalecem as regras de mercado pode até valer para outras situações, mas quando se trata da saúde dos cidadãos o Estado não pode recorrer a esse argumento e virar as costas ao problema, que impacta na vida de milhões de brasileiros. Uma solução justa e adequada deve ser dada à questão, principalmente quando o Estado ainda se revela incapaz de universalizar serviços de saúde.