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Ministério não instruiu médicos sobre infecção de crianças, diz especialista

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz atribuem o alto número de mortes de crianças causadas pela dengue no Rio à falta de orientação específica para essa faixa etária no protocolo distribuído aos médicos da rede pública pelo Ministério da Saúde. A mestre em Saúde da Criança da Escola Nacional de Saúde Pública, Elyne Engstron, explica que os valores de referência de plaquetas e hematócritos, medidos no exame de sangue e indicativos da ocorrência de dengue hemorrágica, são diferentes em crianças e adultos.

Os sinais de alarme também podem ser diferentes dos sintomas da dengue em adultos. "As crianças desidratam muito mais rápido e costumam se queixar de dores de barriga ou na garganta, que já são indícios de que a doença está se agravando", exemplificou Elyne. "Estamos tendo que treinar as equipes no meio da epidemia", diz a especialista.

INVERSÃO

 

A infectologista da Fiocruz Patrícia Brasil defende um estudo mais aprofundado das mortes já confirmadas por dengue. No início da epidemia, segundo ela, os médicos estavam subestimando a doença e mandando os pacientes de volta para casa com outros diagnósticos.

Agora, a situação inverteu-se. "Tem criança morrendo de insuficiência hepática causada por excesso de paracetamol (único antitérmico que pode ser utilizado em caso de suspeita de dengue), por meningite ou infecção generalizada e dizem que é dengue", criticou.

Ao contrário da epidemia de 2002, quando predominou o dengue do tipo 3, a deste ano está atingindo principalmente as crianças porque o vírus predominante é o do tipo 2. Como esse sorotipo já existe no Rio há mais de dez anos, a maioria dos adultos já tem anticorpos contra ele e não adoece.