A equipe econômica do governo Lula vai apresentar ao PSDB nesta semana um cardápio de medidas de corte de impostos e aumento de verbas para a saúde na busca de votos dos senadores tucanos para aprovar a prorrogação da CPMF.
A proposta deve conter mais R$ 3 bilhões para a saúde além do previsto no Orçamento de 2008 e uma redução da alíquota do chamado imposto do cheque no próximo ano de 0,1 para 0,15 ponto percentual algo simbólico, já que no início das negociações foi falado em baixar até 0,8 ponto percentual.
O governo quer atender a mais um pedido dos tucanos, mas quer ouvi-los sobre o que mais lhes interessa: corte de impostos em investimentos de saneamento ou aumento do repasse de verbas da Cide (contribuição vinculada à manutenção de rodovias) aos Estados.
No caso das verbas da saúde, o governo já oficializará sua proposta amanhã, quando repassará os números do aumento de recursos no setor ao relator do Orçamento da União, deputado José Pimentel (PT CE).
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse ontem que ainda não foi informado sobre o dia em que o governo vai formalizar sua proposta, mas espera que ela tenha medidas de "desoneração de impostos e corte de gastos públicos".
"Não podemos aceitar que o governo fique apenas na proposta de ter mais receita, sem se comprometer com algum tipo de redução de gastos", disse.
Segundo a Folha apurou, o governo acredita que conseguirá fechar um acordo com os tucanos nos próximos dias, antes da votação do relatório da senadora Kátia Abreu (DEM TO) sobre a prorrogação da CPMF.
Ela já adiantou que proporá a extinção do imposto e não apresentará seu relatório nesta semana. Disse que dedicará a semana a ouvir economistas de fora e de dentro do governo, convidados a falar na Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre o tema.
O dia mais esperado é a quinta feira, quando quatro ministros Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento), José Gomes Temporão (Saúde) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) vão defender a prorrogação da CPMF, que hoje tem alíquota de 0,38%.
Abreu disse que quer questionar os ministros sobre como eles pretendem lidar com um cenário que indica crescimento do PIB de 5% em 2008, com receitas subindo 8% em termos reais e os gastos em 9%.
"Esses números mostram que o governo está tirando dinheiro da economia para sustentar seus gastos. Isso não tem sentido. Além disso, sabemos que as receitas previstas no Orçamento estão subestimadas", disse a senadora.