A portabilidade de planos de saúde, com possibilidade de trocar de operadora sem ter que cumprir uma nova carência entra em vigor em abril, mas uma pesquisa da Pro Teste, associação de defesa dos direitos do consumidor, feita em todo o País apontou que apenas 20% dos entrevistados certamente mudariam ou provavelmente mudariam de plano, se não tivesse de cumprir carência em outra empresa. E 38% não mudariam de plano.
Ainda assim, 30% tiveram alguma queixa de seus planos. Do total pesquisado, 31% têm planos individuais ou familiares e 69% planos coletivos, que estão fora da regulamentação da portabilidade. A associação disponibilizou em seu site (www.pro-teste.org.br) um simulador para quem deseja avaliar seu plano pelos critérios da pesquisa.
"O resultado da pesquisa deixa claro que as restrições impostas à portabilidade limitarão a troca. Para realmente beneficiar o consumidor que deseja trocar de empresa, teria que ser estendida aos planos antigos e aos coletivos. O consumidor está acostumado a tratar com determinados médicos e teme que eles não façam parte da rede credenciada da outra empresa caso mudem. Além disso, novos contratos geralmente são mais caros ou restritivos", destaca Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste.
Contratos
A pesquisa também analisou os contratos de adesão das 19 maiores operadoras do País para ajudar o consumidor a avaliar, no caso de precisar ou desejar troca de empresa. E ficou constatado que não é fácil escolher um bom plano de saúde a um preço acessível. Só há opções aceitáveis para os serviços com internação em quarto particular. A pesquisa aponta, ainda, quais são as reclamações mais frequentes e os principais motivos que os fariam trocar de plano.
Os itens que mais deixam os usuários insatisfeitos com seus planos de saúde são o preço elevado; poucos médicos credenciados; burocracia nas autorizações; e atendimento ruim. Também são motivos de insatisfação com as operadoras a falta de transparência nos contratos, não-cobertura de urgência ou emergência em fins de semana e necessidade de renovação periódica do cartão.
O maior volume de reclamações em relação à necessidade de pedir autorização à operadora para conseguir até mesmo consultas ou exames de rotina é do Estado de São Paulo, onde, inclusive, 13% dos entrevistados já tiveram procedimentos negados pelas operadoras. Mais da metade dos entrevistados (58%) já precisou contatar o plano para pedir autorização antes de ser atendido e 12% dos que pediram não conseguiram atendimento.
E 25% dos usuários precisam pedir autorização independentemente do tipo de exame ou procedimento a ser realizado. As cinco operadoras mais burocráticas para a liberação de procedimentos médicos são a Unimed, que exigiu autorização de 65% de seus clientes. A Sul América exigiu autorização de 59% usuários. A Amil, de 58% de seus clientes; o Banco do Brasil exigiu autorização de 44% de seus clientes que foram entrevistados; e o Bradesco, de 38% de seus clientes participantes da pesquisa.
Portabilidade
A portabilidade nos planos de saúde entra em vigor no dia 15 de abril e vai beneficiar 6,3 milhões de usuários de planos e seguros de saúde individuais e familiares, contratados a partir de Io de janeiro de 1999, sendo 44.546 usuários no Distrito Federal. Com a entrada em vigor da portabilidade de carência, o beneficiário terá mais facilidade para trocar de plano, caso não esteja satisfeito.
Saiba mais sobre a pesquisa
Reclamações mais comuns
Preço alto: 17% dos entrevistados reclamaram do preço cobrado pelo plano.
Relacionamento com o plano deixa a desejar: este problema é ainda mais frequente
Burocracia atrapalha: a necessidade de autorização da operadora para procedimentos médicos é uma das principais reclamações. Há até casos em que associados tiveram negativa para atendimento de emergência, prática ilegal segundo a ANS
Falta informação sobre a rede credenciada: 21 % dos entrevistados alegou insatisfação com o descredenciamento de médicos sem aviso prévio pela operadora. Além disso, há parcela expressiva que nunca recebeu o guia da rede credenciada.
Razões para trocar de plano
Preço elevado da operadora atual; rede de hospitais que não agrada; rede de médicos credenciados não agrada; abrangência geográfica do plano é pequena; qualidade dos serviços oferecidos é ruim; qualidade no atendimento ao cliente não é satisfatória
Cuidados ao contratar
Veja se a empresa está registrada na ANS e se há reclamações contra ela nos órgãos de defesa do consumidor.
Verifique se o plano lhe agrada, incluindo quesitos como: hospitais credenciados perto de sua casa; procedimentos para usar as ambulâncias; carências; exclusões e regras para atendimento
Converse com alguém que já seja cliente do plano e conheça suas opiniões.
Fique atento ao preencher a ficha de saúde. Caso você omita doenças preexistentes, a operadora pode rescindir o contrato.
Se a operadora exigir que você faça exames antes de aceitá-lo no plano, é ela quem deve arcar com os custos (a menos que você os realize com um médico de sua escolha).
Guarde o boleto bancário da primeira mensalidade paga. Ela comprova a contratação do plano, caso você precise utilizá-lo antes de receber a carteirinha.