O Ministério da Saúde lançou nesta terça-feira (14), Dia Mundial do Diabetes, o primeiro Caderno de Atenção Básica para Diabetes. Trata-se de um manual com recomendações específicas para o cuidado integral desses pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS).
O material será distribuído para as unidades básicas de saúde e para as equipes de Saúde da Família. A proposta é usar a publicação no auxilio aos profissionais das mais de 26 mil equipes de Saúde da Família e capacitá-los para implementar atividades de prevenção, assistência e educação em saúde nesta área. Assim, pretende-se garantir o tratamento integral proposto pelo SUS aos portadores de diabetes com a realização de diagnóstico precoce, acompanhamento do uso adequado dos medicamentos e estímulo à promoção de um estilo de vida mais saudável.
O diretor do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Luis Fernando Rolim, afirma que o atendimento integral dos portadores de diabetes pelas equipes de Saúde da Família é um desafio. "Esse nível de atenção tem a responsabilidade de informar a população quanto às ações de prevenção de doenças e de promoção à saúde, assisti-las de forma contínua e, quando necessário, encaminhar os pacientes aos serviços de referência", explica.
No mundo, há cerca de 180 milhões de pessoas portadoras do diabetes. No Brasil, a doença atinge 5,5 milhões de pessoas, o equivalente a 11% da população com mais de 40 anos. A enfermidade apresenta incidência crescente e já é responsável por 15% dos investimentos nacionais em saúde.
Durante o dia de amanhã, diversas atividades serão desenvolvidas, orientadas pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), entidade vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS). O tema deste ano é Diabetes: cuidado para todos.
Manual
Com 51 páginas, o Caderno de Atenção Básica para Diabetes traz informações completas sobre os critérios utilizados para o diagnóstico dos diferentes tipos da doença – diabetes tipo 1, tipo 2 e gestacional. No entanto, detalha de forma mais específica a prevenção e o tratamento do diabetes tipo 2, por essa variação representar 90% dos casos e ser preferencialmente atendida na atenção básica.
O caderno destaca a necessidade de um cuidado especial com relação à saúde, pois cerca de 80% dos pacientes recém-diagnosticados são obesos. O manual orienta os profissionais de saúde a trabalharem com a idéia de que a prevenção e o tratamento para os portadores de diabetes passam pela adoção de uma dieta específica. A publicação aponta, ainda, os cuidados necessários com os alimentos light e diet, aborda as porções ideais dos alimentos e dá recomendações relacionadas com a prática de atividades físicas.
O manual dedica um capítulo especial sobre as formas de rastreamento do diabetes em pessoas identificadas com maior risco de desenvolvê-la. Essa é uma das principais preocupações do SUS, pois estima-se que cerca 50% dos portadores não sabem que têm a doença. São consideradas pessoas com fatores de risco aquelas com mais de 45 anos e que apresentam sobrepeso, hipertensão, antecedente familiar, histórico de diabetes gestacional e colesterol alto.
O caderno de atenção básica traz, também, um plano terapêutico para os portadores de diabetes, com gráficos, metas de controle e periodicidade do monitoramento. Apresenta formas de prevenção e tratamento das complicações crônicas mais comuns nesses pacientes – doenças cardiovasculares, doença renal, retinopatia diabética (forma de cegueira irreversível) e pé diabético (que leva a amputação dos membros inferiores).
Finalmente, a publicação diferencia o papel do agente comunitário, do auxiliar de enfermagem, do enfermeiro e do médico no processo de atendimento dos pacientes e aborda os cuidados necessários para a aplicação, transporte e conservação da insulina.
Programa
Hoje, o diabetes é considerado uma das principais causas de mortalidade, insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doenças cardiovasculares. Estima-se que cerca de 75% dos portadores da doença no Brasil recorrem ao SUS. Para atender esses pacientes, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus (Hiperdia), que compreende um conjunto de ações de promoção de saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento e capacitação de profissionais.
As ações são desenvolvidas principalmente na rede básica. Este ano, os protocolos clínicos de assistência ao diabetes foram atualizados e foi definido também um especifico de prevenção clinica de doenças cardiovasculares, cérebro-vasculares e para doença renal crônica – as três maiores complicações do diabetes.
Por meio do programa, o Ministério da Saúde garante, ainda, assistência farmacêutica aos portadores da doença com a distribuição na rede básica da insulina humana NPH/100UI e a regular e os medicamentos metformina e glibenclamida. Esses remédios são adquiridos pelas secretarias estaduais e municipais de saúde, por meio do repasse de recursos financeiros do ministério, de acordo com determinação da portaria nº 2.084/2005.