Planos individuais, nem pensar. O foco das seguradoras em 2007 vai continuar nos planos coletivos, voltados para empresas. "A prioridade vai ser redesenhar produtos e tentar atingir novos nichos", avalia o especialista Gustavo Mello, sócio da Correcta Seguros.
Praticamente todas as grandes seguradoras pararam de vender apólices para pessoas físicas nos últimos anos. Apólice individual só nas operadoras, como Medial e Amil, que têm rede hospitalar própria e por isso conseguem obter retorno expressivo.
Um dos nichos para as seguradoras são as pequenas e médias empresas. Outro nicho são seguros mais simples e baratos, voltados para níveis hierárquicos mais baixos. A SulAmérica lançou recentemente um produto assim. O Bradesco prepara produtos voltados só para pequenas empresas.
"As grandes empresas todas já têm planos", destaca Heráclito de Brito Gomes Junior, executivo responsável pela Bradesco Saúde. Para ele, a aposta são as pequenas empresas, que devem ser as vedetes da economia num cenário de retomada do crescimento. Outra estratégia do Bradesco é oferecer o seguro dental para estas companhias. Esta apólice, aliás, foi uma das que mais cresceu em 2006 na seguradora. A carteira aumentou em 80 mil vidas, que elevou o total de segurados na área odontológica para 550 mil vidas.
Para equacionar a carteira de saúde, o Bradesco não fugiu à regra do mercado. Parou de vender apólices individuais e cortou custos. Segundo Brito, as despesas administrativas, que chegaram a 12% dos prêmios, caíram para menos de 7% em 2006. Com o fim da venda de planos para pessoas físicas, os seguros grupais respondem hoje por 89% da carteira. A volta da venda de planos individuais não está nos planos. "O foco continua sendo os coletivos", diz.
A Marítima Seguros também não pensa em voltar a vender apólices para pessoas físicas. A seguradora conseguiu equacionar a área e em 2006, até novembro, o faturamento total cresceu 19%. Para este ano, a previsão é de expansão de mais 19%, diz Murilo Rego Lins, diretor do ramo saúde da Marítima.
Segundo ele, o principal problema dos planos para pessoas físicas eram os reajustes. "Os critérios do governo eram muito mais políticos do que técnicos", afirma. Com isso, a alta de preços não acompanhava a chamada inflação médica – que mede a variação de preços dos custos médicos e hospitalares, sempre mais alta que a inflação de preços da economia. O resultado, para a seguradora, era prejuízo. Lins nega que a Marítima vá vender sua carteira de pessoa física, como fez a Porto Seguro em novembro. "Vamos continuar cuidando da carteira", diz.
Na AGF Seguros, que vem trabalhando há anos com empresas menores, a principal estratégia é um programa preventivo nas empresas para reduzir os sinistros, conta seu diretor, Peter Rosemberg. Em 2006, até outubro, sua sinistralidade estava em 68,9%, bem abaixo da média de mercado.
Segundo o estudo de Castiglione, a taxa no ano passado estava em 84%, número menor que em 2005 (90%), mas ainda considerado alto pelos especialistas. Há dez anos, estava em 76%.
A estratégia da AGF é identificar nas companhias grupos de pessoas que podem ter problemas no futuro, como os obesos, e fazer programas preventivos. A estratégia tem dado certo. Em 2006, os prêmios subiram 18,6%. Para este ano, a previsão de Rosemberg é de expansão de 20%.
O trabalho para equacionar a carteira de saúde pode ser observado na evolução do índice combinado, principal indicador do setor de seguros, que avalia a rentabilidade operacional da seguradora. Quanto menor, melhor. De
Para Castiglione, os problemas do segmento ainda não foram resolvidos. "O mercado se recuperou em 2006, mas ainda não absorveu todas as perdas passadas. Isso só vai acontecer se o segmento mantiver nos próximos anos o mesmo desempenho de 2006", afirma.