A corrida para se adaptar às mudanças da lei na área de saúde, que obrigam as empresas do setor a implantarem o padrão de Troca de Informação
Segundo Jussara Macedo, gerente-geral de Integração com o Sistema Único de Saúde e da ANS, as punições variam de valores. "A ANS apurará a infração. A intenção da Agência é conseguir a adesão de operadoras e prestadores antes de aplicar punições. Mas, se ficar constatado que essa adesão não ocorrerá, a punição ocorrerá, havendo multas que variam de R$ 25 mil a R$ 35 mil."
Dados da ANS revelam que o Brasil possui 1.500 operadoras de saúde suplementar, a 48 milhões de beneficiados, 30 mil produtos e aproximadamente 300 mil médicos em todo o País. A ANS salienta que 36% das operadoras de saúde já trocam arquivos eletrônicos com os consultórios médicos, em todo o Brasil. Mas o número ainda é impreciso.
Até
Custo
Erich Brants, diretor comercial da Dasa, explica que a empresa em que atua já implementou o sistema em sua rede de laboratórios, a um custo bastante elevado. "Tivemos de contratar pessoas de fora para fazer o sistema, mas acredito que a fase crítica já foi superada. Creio que as operadoras e a ANS tenham de fazer esforço para reduzir papel, que é um efeito indesejado do TISS. Era para ser o contrário." Ele ressalta que todas as operadoras e prestadoras têm de usar o mesmo sistema de comunicação, o que não acontecia.
O analista do Hospital destaca que a partir do momento em que os consultórios aderirem "vamos falar a mesma língua entre hospitais, operadoras e médico. A qualidade de informação vai melhorar, há controle e qualidade nas informações". Brants credita os altos gastos da Dasa, mas sem revelar cifras, ao fato de usar vários sistemas em locais diferentes. "A implantação não foi apenas uma customização de um sistema, mas de vários, pois estamos em vários lugares do País. Um problema que eu vejo é que cada operadora interpretou um padrão à norma. Cada uma quer uma numeração, uma forma de preencher guia, então se tornou um padrão com muitas variáveis, e isto custa."
O diretor exemplifica: "Quando adquirimos o CientíficaLab, que tem um público mais voltado ao SUS, foi simples, pois não há TISS. Agora numa marca como a Delboni Auriemo, que tem 600 convênios contratados, o impacto e o volume da operação é bem maior, por causa das variações".
Agilidade
Felipe Gonçalves, analista de negócios da tecnologia da informação do Hospital Sírio-Libanês, explicou que o gasto médio com implantação do sistema para o TISS foi de R$ 600 mil. Para ele nem todas operadoras e prestadoras conseguem agilidade tecnológica. "Todo o mercado tem de ter o mesmo patamar para sentirmos a melhoria."
Gonçalves aponta de que houve algumas melhoras, pois, na teoria, a intenção desta lei era padronizar as informações, desde a entrada do paciente até sua saída, reduzir custos e tempo, como autorizações on-line para procedimentos. "É um procedimento correto desde o início. Temos facilidade de obter dados mais precisos sobre o funcionamento do hospital. O mercado ainda está
Guias
A implantação do TISS aumentou o tempo de preenchimento das guias. Esta é a afirmação da porto-alegrense Fabiana Santos, que é coordenadora da CliniOnco, considerada por fontes do setor a segunda maior clínica especializada do ramo no Brasil, principalmente em nível ambulatorial, no tratamento de câncer.
"O que se levava anteriormente uma hora para fazer, até os funcionários se adaptarem, leva quatro horas. Houve a necessidade de contratar mais funcionários para a adaptação da nova gestão tecnológica. Em média, acredito que gastamos R$ 12 mil por mês, somente com serviços, pois não está completa toda a instalação. É uma cifra considerável." Ela acredita que para uma clínica, ou consultório pequeno, o custo seja alto. "Tem de ter muitos clientes para compensar os custos."
A gerente-geral de Integração com o SUS/ANS, Jussara Macedo, defende que com a obrigatoriedade do padrão eletrônico e a necessidade de ainda ter de fazer em papel, o trabalho dobra. "Não é culpa do TISS, mas do fato de que muitos não estão preparados ainda, dos dois lados [operadoras e prestadores], e há uma cultura de exigência do papel. É uma exigência das contratantes, do médico auditor. O custo das guias em papel é de R$ 0,29, além do custo de armazenamento. No meio eletrônico o custo cai para R$ 0,18 e não há prédio físico para armazenar. É um momento transitório para eliminar o papel, precisa paciência", explica Jussara.
Eduardo Mugnai, gerente de Tecnologia da Informação do Sistema Paulista e membro da Associação das Normas Técnicas (Abnt), diz que o padrão TISS traz benefícios às operadoras, apesar das dificuldades de implantação. "É necessário que todos se esforcem para a implantação, pois o TISS trará benefícios ao mercado, como agilidade para operadoras, que trabalharão com arquivos eletrônicos e assinatura digital."