contato@sindipar.com.br (41) 3254-1772 seg a sex - 8h - 12h e 14h as 18h

Velozes e furiosos no trânsito

Excesso de velocidade, necessidade de adrenalina e bebida alcoólica são os responsáveis pela maioria dos acidentes com jovens brasilienses. É o que aponta a pesquisa realizada, em abril, com mil jovens entre 16 e 25 anos, pelo Ibope, a pedido da Perkons, empresa especializada em equipamentos de fiscalização eletrônica, Volvo, Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

            De acordo com a pesquisa, 55% dos jovens da Região Centro-Oeste, especialmente os brasilienses, atribuem os acidentes à desatenção e imprudência dos motoristas. As más condições do veículo e o consumo excessivo de bebidas foram citados, respectivamente, por 22% e 19% dos entrevistados. Apenas 10% dos jovens acham que a má conservação das vias é responsável por acidentes.

            Ainda de acordo com a  pesquisa, no Centro-Oeste, há mais envolvimento dos jovens em acidentes (27%) do que nas demais regiões brasileiras. Para 86% dos motoristas brasilienses, existe risco maior de acidentes quando há mais de um jovem no carro.

            Segundo estatísticas divulgadas pelo Departamento de Trânsito (Detran), somente no primeiro trimestre desse ano, 83 pessoas morrem vítimas de acidentes de trânsito no DF. Destas, 67 eram homens e apenas 16 mulheres; 24 tinham entre 20 e 29 anos de idade, o que significa que a cada três mortos, um está nessa faixa etária. Aqueles com idade entre 30 e 39 anos somaram 19 vítimas nesse período.

Imprudência

            O servidor público Eron Camelo, 39 anos, concorda que os homens são mais imprudentes quando estão na direção. "As mulheres são mais calmas. Nós homens somos mais alterados, partimos logo para discussão, somos mais ousados", afirmou. Ele atribui essa porcentagem maior de vítimas do sexo masculino a uma necessidade de auto-afirmação. "Parece que os homens sempre querem mostrar que são bons motoristas, assim ousam mais e acham que podem se safar de tudo no trânsito", disse Eron.

            No primeiro trimestre do ano passado, o número foi ainda maior – 122 vítimas fatais. Durante todo 2006, foram 411 mortos no trânsito. Entre as vítimas, 128 eram jovens (de 20 a 29 anos), 99 homens e apenas 32 mulheres.

Jovens defendem campanhas

            Para 30% dos jovens de Brasília, a alternativa para reduzir o alto índice de acidentes é a ampliação de campanhas educativas. Outros 16% apontam a intensificação da fiscalização como principal forma de coibir os acidentes. O especialista em trânsito e diretor da Perkons, José Mário de Andrade, acredita que a pesquisa revelou mais que o comportamento dos jovens no trânsito. "Agora podemos ver a necessidade da imposição de limites e de um método eficaz para mudar o comportamento de risco desses jovens", avaliou.

            Formado em engenharia, Gustavo Gusmão, 23 anos, se diz surpreso com o número, que aponta 22% dos jovens como imprudentes. "Imaginava muito mais. O que mais se vê hoje em dia é jovem envolvido em acidentes. Acho essa porcentagem baixa", comentou. Gustavo acredita que a maioria dos jovens não tem responsabilidade ao trafegar. "Realmente essa questão da responsabilidade, da direção defensiva, é pensada por poucos, muitos nem pensam nisso antes de tirar a habilitação".

Poder aquisitivo

            Doutor em engenharia de trânsito e professor da Universidade de Brasília (UnB), David Duarte, atribui ao maior poder aquisitivo dos brasilienses a estatística de que os jovens do DF estão mais envolvidos em acidentes. "Primeiro que o nosso sistema de ônibus não funciona bem, com isso, temos que ter carro. Desde cedo os jovens ganham carros e isso faz com que se envolvam mais em colisões", avaliou. Para Duarte, a maior participação do homem nos acidentes está ligada à idéia de potência. "A idéia de ser mais ousado aumenta a ilusão da auto-afirmação", ponderou. Duarte também criticou a atuação dos departamentos de trânsito em todo Brasil. "Os governos têm feito mal o seu papel. As campanhas e a fiscalização estão muito aquém das reais necessidades. Ela não é feita, por exemplo, direcionada aos jovens", criticou.

            Por meio da assessoria de Imprensa, o Detran informou apenas que tem investido em campanhas educativas, aliadas a ações de fiscalização para reduzir o número de acidentes.