Vice-presidente do Cremers é assassinado na saída de restaurante de P. Alegre

O vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Marco Antonio Becker, 60 anos, foi assassinado a tiros por volta das 22h30min desta quinta-feira, na Rua Ramiro Barcelos, na altura do número 479, no bairro Floresta, em Porto Alegre.
De acordo com o relato de uma testemunha do crime, o médico oftalmologista foi abordado por dois homens em uma moto logo depois de entrar em seu veículo, um Gol branco ano 1988.
O médico havia saído do restaurante Alfredo, na esquina da Ramiro Barcelos com a Cristóvão Colombo, onde chegou a procurar um amigo, com quem teria combinado de jantar. Como não o encontrou, Becker deixou o local em seguida e caminhou cerca de 50 metros em direção ao automóvel, que estava na Ramiro, quando uma motocicleta com dois homens sem capacete passou a segui-lo lentamente.
Becker já havia entrado no veículo e dado a partida quando o caroneiro da motocicleta sacou uma arma e disparou cinco tiros contra o vidro do motorista, que estava fechado. As balas atingiram o peito da vítima, que ainda tentou pedir socorro abrindo a porta.
Os dois assassinos fugiram com a moto pela Ramiro Barcelos e dobraram à esquerda, na Avenida Farrapos. Gravemente ferido, o médico tombou junto ao cordão da calçada e acabou morrendo no local. A primeira pessoa que se aproximou da vítima foi um distribuidor de panfletos de casas noturnas, um homem de 58 anos, que pediu para ter seu nome preservado. A testemunha disse que chegou a ser ameaçada pelos dois assassinos, que o interpelaram pouco antes do ataque ao médico.
— Eles perguntaram se eu conhecia o homem. Eu disse que não. Então eles mandaram eu sair dali, ou levaria bala — recorda o homem, que disse não ter conseguido ver a placa da moto dos criminosos.
Assim que testemunhou a cena, o homem acionou o telefone de emergência da segurança pública, o 190, e solicitou a presença da polícia no local.
O sargento Milton Pádua Martins, do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM) foi um dos primeiros policiais a chegar ao local. A área foi imediatamente isolada, pois dezenas de populares começavam a se aproximar da cena do crime. Junto ao corpo, o sargento Pádua encontrou uma pasta que seria do médico, mas que não havia sido tocada pelos assassinos.
Policiais civis da 1ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (1ª DPPA) foram acionados e deram início às investigações. Pelas informações preliminares colhidas pelos agentes (número de tiros, abordagem direta, sem tentativa aparente de roubo), o caso estava sendo tratado como execução.
— Não levaram nada da vítima. Não há dúvidas de que foi um assassinato. Temos agora de saber se ele tinha algum inimigo ou algum tipo de desavença com alguém — afirmou a delegada da 1ª DPPA, Vandi Lemos Tatsch.
Peritos do Departamento de Criminalística chegaram ao local do crime por volta das 23h30min para tentar colher algum vestígio dos assassinos. Segundo informações preliminares, a vítima morreu com cinco tiros de pistola calibre .40.

Presidente do Conselho por mais de uma década

O oftalmologista Marco Antônio Becker, 60 anos, executado na noite desta sexta-feira, na Capital, era um médico polêmico e defensor apaixonado das causas da classe. As opiniões fortes e o temperamento franco faziam dele um homem que procurava estar sempre embrenhado nas discussões sobre os rumos da categoria.
Com consultório em Novo Hamburgo , era vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), entidade que comandou por cerca de uma década.
Formado em Medicina pela UFRGS em 1973, fez a especialidade de Oftalmologia na Universidade Complutense de Madrid de 1975 a 1976, sendo após, estagiário, bolsista do governo francês nos hospitais "Hôtel Dieu", de Paris e "Edouard Herriot", de Lyon, de outubro de 1976 a setembro de 1977.

Exerceu a chefia de Serviços de Oftalmologia no Senegal e na Arábia Saudita, de outubro de 1977 a abril de 1979. Foi presidente-fundador da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul — SORIGS (1987 a 1990). Membro do Conselho Diretor da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre — FFFCMPA (1992 a 1995) e presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul — Amrigs no período de 1991 a 1993.
Natural de Novo Hamburgo, onde morava, foi vereador do município entre 2001 e 2004, tendo sido eleito pelo PDT. Em 2004, filiou-se ao PMDB. Também foi um dos fundadores do Hospital da Visão de NH, tendo sido diretor técnico da entidade. Foi o primeiro gaúcho a assumir a 1ª secretaria do Conselho Federal de Medicina e o primeiro brasileiro a assumir a presidência da Confederação dos Médicos da América Latina e Caribe.