Mais de 500 profissionais ligados à área da saúde mental reuniram-se a partir dessa terça (2) até esta quarta (3) no I Encontro Paranaense de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), no Teatro do Centro Universitário Positivo (Unicenp), em homenagem ao Dia Estadual de Saúde Mental (02).
A coordenadora de Saúde Mental da Secretaria da Saúde, Cleuse Barleta, explicou durante a abertura que o objetivo é discutir o fortalecimento dos serviços extra-hospitalares, por meio da estratégia dos Centros; sensibilizar os profissionais que trabalham nos centros para melhoria da atenção à saúde mental e caracterizar os avanços e as dificuldades na implantação dos Caps na atenção à saúde mental extra-hospitalar de base comunitária. “É gratificante estar realizando esse evento no dia Estadual de Saúde Mental. Temos que avançar muito, ainda há muito preconceito com o doente mental e o desafio é trabalhar a dignidade dessas pessoas. Mas, também temos muito o que comemorar”.
A diretora de Sistemas de Saúde, Maria Célia Barbosa Fabrício de Melo, que representou o secretário da Saúde, Cláudio Xavier, destacou que “no Paraná a saúde mental está entre as prioridades de saúde pública”. “Os avanços que o Estado tem feito são notáveis. A oferta ambulatorial está em expansão, as práticas alternativas multiplicam-se rapidamente e com excelentes resultados. Os Caps são uma realidade. Os recursos estaduais para somente na compra de medicamentos saltou de R$ 131 mil para R$ 300 mensais”.
Ela lembrou ainda que, no inicio de 2003, o Paraná tinha 15 Centros, hoje são 39 em funcionamento e 48 em processo de implantação. Os Serviços Residenciais Terapêuticos passaram de dois para 21 e atendem 168 pessoas. O Programa “de Volta para Casa”, que auxilia os pacientes em sua reabilitação psicossocial, atende atualmente 114 pessoas em 15 municípios.
Para a coordenadora do curso de Psicologia do Unicenp, Suzane Lorh, o momento é importante para o debate sobre novos mecanismos que possam permitir a reinserção social e o resgate da cidadania do doente mental. “Estamos lisonjeados em participar da discussão de uma nova perspectiva em que uma história diferente está sendo construída. Esperamos que os temas debatidos sejam germinados e possam se multiplicar”.
O Doutor em Saúde Pública (Saúde Mental) da Universidade Estadual Paulista, Silvio Yasui, que participou da implantação do primeiro Caps, em 1987, no interior de São Paulo, falou sobre a “Política de Saúde Mental”. “O Caps é uma estratégia de produção de cuidados na saúde mental que um dia sonhamos que andasse pelo País afora. Hoje, ele vem se constituindo numa política pública de saúde e parte de um processo completo de transformação social que aponta uma mudança do modelo de assistência”.
Também participaram da abertura do evento: o coordenador do Curso de Medicina do Unicenp, Darci Martins Braga; a Doutora Karime da Fonseca, do Ministério da Saúde; Aparecida Moreira Pachoci do Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde; Tânia Heller da Silva do Núcleo de Ciências Biológicas e da Saúde do Unicenp.
Além das palestras, também foram apresentadas as experiências de alguns municípios paranaenses como Curitiba, Arapoti e Araucária que deverão participar do Encontro Sul Brasileiro de Saúde Mental em junho, em Santa Catarina.
Nesta terça-feira (3), acontecem os minicursos com os temas Caps Infanto Juvenil, Caps – Álcool e Drogas e Caps I, II e III – Geral. O encontro reúne trabalhadores dos Caps, diretores de regionais, coordenadores regionais e municipais de Saúde Mental, membros do Conselho Estadual de Saúde e da Comissão Estadual de Saúde Mental, Associações de Usuários e Familiares da área de Saúde Mental e estudantes da área de saúde.
Mudança de Paradigma
A Política Nacional de Saúde Mental, lançada em 2003, define os Caps como o principal elemento da rede de atenção extra-hospitalar, formada também pelas residências terapêuticas, pelo programa De Volta para Casa e pela inclusão de ações de saúde mental na atenção básica. Atualmente, no Paraná há 38 CAPS em funcionamento e mais 49 estão em fase de implantação.
Na concepção da reforma psiquiátrica, o modelo centrado na atenção hospitalar não reabilita totalmente o paciente. Quando isolado, o portador de transtornos mentais não consegue se ressocializar e perde sua individualidade.
Dentro desse contexto, os Caps foram criados como serviços de atenção diária, usados para substituir as internações hospitalares. Esses locais oferecem desde cuidados clínicos até atividades de reinserção social do paciente, por meio do acesso ao trabalho, lazer, direitos civis e o fortalecimento dos laços familiares e sociais.
A equipe de profissionais do Caps é multidisciplinar, justamente para prestar atendimento integrado ao paciente. O grupo é formado por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, professores de educação física, assistentes sociais, enfermeiras e auxiliares de enfermagem.