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Saúde pública do litoral na UTI

O Hospital Municipal Nossa Senhora dos Navegantes, em Matinhos, reabriu ontem apenas no período da tarde, após fechar as portas, na terça-feira, devido à falta de médicos. Eles não tiveram seus contratos renovados, o que deveria ter ocorrido em setembro, e reclamam estar com o salário atrasado em dois meses. Não é só Matinhos que enfrenta problemas. Os sistemas de saúde de Paranaguá, Guaratuba e Pontal do Paraná também estão em crise.

Na tarde de ontem, apenas o médico Victor Bacilla atendia no hospital de Matinhos. Ele afirma que soube da situação e resolveu trabalhar na sua folga para que a população pudesse ser atendida. “Fico até 19 horas. Depois não creio que apareça outro médico”, disse.

De acordo com um dos médicos que não vai mais voltar ao trabalho enquanto o contrato não for renovado, o problema é rotina no município. “Recentemente quatro médicos foram embora. Não estavam recebendo”, denuncia, pedindo anonimato.

Na falta de médicos, de acordo com o secretário da saúde de Matinhos, Jéferson de Azevedo, os pacientes estão sendo transferidos para o Hospital Regional ou postos de saúde de Paranaguá até que a situação seja normalizada. “Estamos finalizando um remanejamento orçamentário. Até o fim de semana tudo será resolvido e os contratos, renovados”, promete.

A prefeitura oferece o transporte até Paranaguá, que fica a 40 quilômetros de Matinhos, mas, mesmo assim, houve uma queda brusca nos atendimentos. Em dias normais, o Nossa Senhora dos Navegantes atende de 150 a 300 pessoas. Ontem, até as 19h30, foram apenas 12 transferências de pacientes para Paranaguá, como indica a chefe de enfermagem do Hospital Municipal de Matinhos, Andréa Gurski. “Muitos acabam até desistindo de buscar atendimento médico por causa da distância. Agora temos um médico atendendo. Enquanto ele está aqui, ele atende. E depois?”, indaga.

A diarista Neusa Ribeiro, de 39 anos, conseguiu uma consulta na última sexta-feira para a filha de 14 anos, mas os resultados dos exames de sangue e urina saíram apenas ontem. “Se fosse para morrer já tinha morrido. Enquanto isso, o médico receitou antiinflamatórios. Como o hospital não tinha o remédio disponível, precisei gastar R$ 60 em uma farmácia comum”, reclama.

Guaratuba

 

Em Guaratuba, a situação não é melhor. O salário dos médicos está atrasado. Faltam medicamentos e combustível para a ambulância. Segundo o médico do Pronto-Socorro, João Cláudio Pereira, a situação é alarmante e os especialistas estão deixando seus postos pela falta de pagamento. “Só existe um ortopedista por aqui e é novo na cidade. Os outros foram embora. Quem ficou é o pessoal do pronto-socorro e de alguns postos de saúde, para não deixar os moradores sem o atendimento de rotina ou emergência. Apesar disso, o município não nos paga desde junho, quando recebemos apenas metade do salário”, lamenta.

A situação, conta Pereira, se estende aos postos de saúde. “Dos sete existentes no município, três estão sem médicos e contam apenas com serviços básicos de enfermagem”, denuncia.

O secretário de Saúde de Guaratuba, Cleocir Portela, afirma que a prefeitura se encontra com dificuldades financeiras e no momento não tem como pagar os salários atrasados.

Pontal do Paraná

 

Os médicos e enfermeiros de Pontal do Paraná reclamam do atraso nos salários e da dificuldade em agendar transferências dos prontos-socorros de Praia de Leste e Shangri-lá até o Hospital Regional de Paranaguá. Em cada um dos PS da cidade são atendidas 40 pessoas a cada 12 horas. Quando existe a necessidade de transferência para um hospital, o destino é Curitiba.

O secretário da Saúde de Pontal do Paraná, Paulo Tadeu Poli, afirma que os 22 médicos contratados pela prefeitura estão com os salários em dia e o sistema de saúde está fazendo todas as adequações necessárias para melhorar o atendimento aos moradores.

Paranaguá

O principal local de encaminhamento de pacientes dos postos de saúde e prontos-socorros dos municípios do litoral do Paraná é o Hospital Regional, em Paranaguá. Não é de admirar que o novo prédio, funcionando desde junho de 2008, já esteja lotado. De acordo com o diretor-geral do hospital, Carlos Lobo, ainda se aguarda a chegada de novos leitos. Também se aguarda a chegada de novos equipamentos de raio-X, tomografia e ecografia.

 

Raio-x

 

O caos no sistema de saúde do litoral:

 

Guaratuba

 

Nos hospitais, faltam infra-estrutura, medicamentos e combustível para a ambulância. O salário dos médicos terceirizados está atrasado há cinco meses. Dos concursados, há dois. Também faltam médicos nos postos de saúde.

 

Matinhos

 

Com atrasos de dois meses nos salários, médicos deixaram de fazer o atendimento no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, que fechou as portas na terça-feira.

 

Pontal do Paraná

 

Atraso de salário é uma das reclamações de médicos e enfermeiros. Para os moradores, o principal problema é a dificuldade em marcar exames.

 

Paranaguá

 

O Hospital Regional, para onde são encaminhados pacientes de todo o Litoral do Paraná, está lotado. Sem infra-estrutura, o hospital é obrigado a pedir que pacientes façam exames em outras instituições.