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DF: Rede pública já faz cirurgia bariátrica

Uma das epidemias crescentes no Brasil agora terá tratamento no Distrito Federal. E tratamento gratuito. A obesidade mórbida, que já afeta 5% da população do Centro-Oeste, é uma doença genética mas que sofre influências diretas do ambiente em que o paciente vive. O secretário de saúde do DF, Augusto Carvalho, anunciou ontem, no auditório do Hran – Hospital Regional da Asa Norte -, que o GDF investiu mais de R$ 1 milhão para viabilizar a cirurgia bariátrica na rede pública de saúde.

            A verba foi usada para a compra de equipamentos e materiais usados especificamente para a operação, como macas capazes de aguentar até 300 quilos. Em hospitais particulares, a cirurgia pode chegar a R$ 30 mil.

            Ele destacou a importância de iniciar a intervenção no Hran, que possibilitará a 150 pessoas por ano a realização de um sonho. O Hospital Universitário de Brasília já realiza a cirurgia e são 700 pacientes na fila de espera.

            – Os dois hospitais são credenciados pelo Ministério da Saúde e continuarão a atender à demanda. Vamos fazer a fila andar – complementou.

            O coordenador do serviço de cirurgia no Hran, Rafael Galvão, ressaltou que os pacientes que têm a obesidade mórbida sofrem muito e, em muitos casos, a única opção é a cirurgia.

            – Nós, que atendemos a essas pessoas, sabemos como é desgastante ficar esperando na fila uma oportunidade de realizar a intervenção. Conheço casos de quem esperou até cinco anos. Quando o médico liga para avisar que o momento chegou, é maravilhoso. A dieta para muitos não é suficiente – argumentou o médico.

            Foram contratados oito especialistas para realizar a operação e a meta inicial é atender até três pessoas por semana.

 Critérios para cirurgia

            De acordo com Rafael Galvão, todo o processo da cirurgia é complicado. O risco existe devido às complicações decorrentes do próprio paciente, que geralmente sofre de hipertensão, diabetes, apnéia do sono e outros problemas.

            – Na lista do HUB existem 700 pacientes, mas nem todos estão aptos a passar pela operação. Todo o processo é complicado e mesmo depois da intervenção é preciso ficar atento e até tomar suplementos nutritivos – comentou.

            Antes de mais nada, para verificar se a pessoa sofre de obesidade mórbida, é preciso fazer um cálculo simples: dividir o peso pelo quadrado da altura. Se o resultado for acima de 40, o paciente é forte candidato a passar pela operação.

            – No DF faremos a cirurgia em pacientes entre 18 e 65 anos e que pesem até 160 quilos. Nossa expectativa é que em 2009, o hospital faça a operação utilizando a vídeo-laparoscopia, uma técnica inédita no Brasil – informou o médico.

            A técnica usada pelos médicos do Hran será o baypass gástrico, que reduz a capacidade do intestino de um litro e meio para 50 mililitros e desvia do intestino delgado.

            – Com esse desvio, o intestino deixa de absorver muitos nutrientes e facilita a digestão – disse Rafael Galvão.

 Caso de sucesso

            Duas cirurgias bariátricas já foram realizadas no Hran e os pacientes já até receberam alta. Karliê Nunes, 30 anos, pesava quase 100 quilos e estava decidida a fazer a cirurgia.

            – Eu sempre fui ao endocrinologista para ver como emagrecer, porque podia fazer qualquer dieta sem conseguir perder peso – reclamou.

            Ela contou que tinha dificuldades para trabalhar e sofria muito com o preconceito. – Todo gordinho vira ponto de referência. Eu mesmo era sempre apontada e desde os 14 anos sofro com isso – afirmou a paciente.

            A operação foi feita na segunda-feira e ontem ela já tinha perdido dois quilos.

            – Não senti dor em momento nenhum e nem senti fome – comemorou.

            Tudo o que Karliê pode ingerir são 200 mililitros de água a cada três minutos. Depois da cirurgia, ela tomará suplementos nutritivos obrigatórios, já que a absorção de nutrientes fica comprometida após a operação .

            Rafael Galvão adiantou que esses medicamentos serão distribuídos também pela Secretaria de Saúde.

            – As mulheres têm comprometimento com a absorção de ferro, pois na menstruação perdem esse elemento. Existe ainda perdae de vitamina B 12, por exemplo, o que exige uma injeção a cada seis meses. Mas tudo isso é acompanhado por um médico – complementou.