Os efeitos da crise econômica mundial podem começar a afetar a saúde pública. Os hospitais filantrópicos que respondem por boa parte do atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) correm risco de não conseguir fechar as contas do final do ano. No Paraná, a Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa) aponta que a crise está prestes a chegar às entidades locais.
De acordo com o presidente da Femipa, Charles London, a crise econômica deve apresentar os primeiros impactos muito
“A situação sempre foi tão difícil que isso é apenas mais um problema. Seguramente esta situação que está acontecendo no mercado financeiro vai nos afetar, vai aumentar o custo. Os nossos pagadores não são tão ágeis assim neste repasse e em nenhuma negociação de estabelecimentos de preços podíamos imaginar uma crise dessas”, aponta London.
O deputado federal André Zacharow reivindicou esta semana do governo federal uma linha especial de crédito para os hospitais filantrópicos. Ele aponta que desde o início da crise o governo socorre bancos e setores de montadoras de automóveis, mas que os hospitais ficaram de fora. Destaca ainda que os hospitais já sofrem com a defasagem da tabela do SUS, que remunera procedimentos com valores muito inferiores e sequer cobrem o custo dos serviços.
“Os hospitais também sofrem com a falta de crédito, e nesse momento não estão conseguindo levantar recursos junto às instituições financeiras para despesas de custeio e pagamento de pessoal. Precisamos de uma solução urgente, pois isso prejudica o atendimento prestado a população e traz insegurança”, alerta o deputado.
Segundo o deputado, o País não pode prescindir dos serviços prestados por esses hospitais, já que eles funcionam como braços do poder público, atendendo aos pacientes do SUS que as instituições públicas não atendem.
Reivindicações antigas
Além da crise econômica, as reclamações da Femipa são aquelas permanentes. London aponta que a maior dificuldade das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná está na falta de repasse do SUS e na defasagem na tabela. “O maior problema é este valor de remuneração. A tabela do SUS não é atualizada o suficiente para custear as despesas. Ela cobre apenas 60% do serviço”, afirma London.
O presidente da Femipa aponta ainda que ao longo do ano os hospitais não têm capacidade de fazer um provisionamento para o 13º salário e que acabam lançando mão de recursos de bancos. “Isso significa endividamento. Mas esse é o caminho, eles têm que pagar os funcionários”, afirma.