Inclusão digital não é só educação. É telemedicina também – o uso da internet para fazer com que populações em áreas carentes tenha acesso a diagnósticos e tratamentos mais precisos, sem falar de informações de saúde pública para prevenção de doenças. Foi pensando nisso que a dra. Alexandra Monteiro, médica radiologista da Casa de Saúde São José e coordenadora de telemedicina da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj, começou a organizar o III Congresso Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, que vai acontecer de
Ela mexe com isso há quatro anos.
– A telemedicina começou a ganhar impulso quando ocorreu o tsunami na Indonésia – conta a dra. Alexandra.
– Alguns grupos levaram para lá equipamentos de videoconferência, e foi possível ajudar à distância até em cirurgias, já que, como o lugar virou área de risco, não era possível transportar os pacientes para outros destinos.
Além de streaming de vídeo, foram usadas transmissões via satélite para esse fim.
Segundo ela, a Índia também tem um extenso programa de telemedicina que ajudou a levar a educação e a prevenção na saúde a populações carentes. Mas nem sempre os médicos estão dispostos a se valer dessa ferramenta, porque ela exige exposição pública, atualização permanente e questionamentos constantes. Nos EUA, conta ela, a resistência ainda é grande. E no Brasil? – Aqui, a radiologia foi uma das primeiras áreas a abraçar a telemedicina, até por já estar acostumada a usar tecnologia, em radiografias, ressonâncias e tomografias – explica a médica. – Outras áreas vêm experimentando, usando mais emails para trocar idéias ou sistematizando o ensino valendose da rede, mas ainda de forma incipiente.
Apesar de iniciativas em expansão como o Rute – Rede Universitária de Telemedicina, projeto de conectividade de infra-estrutura para ensino e pesquisa criado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e agências de fomento – e do Programa Nacional de Telessaúde, é preciso que haja um investimento maior em conexão em banda larga, especialmente nas áreas mais ermas. A dra. Alexandra cita o projeto de Cidades Digitais do Estado do Rio como um exemplo para disseminar o uso da medicina através da rede e conectar profissionais e postos de saúde.
Maioria dos softwares ainda é proprietária e cara Um empecilho à telemedicina é que a maioria dos softwares usados na área não é de código aberto, o que encarece sua adoção. A dra.
Alexandra exemplifica citando os sistemas de arquivamento e compressão digital de imagens, na radiologia, que podem ser disponibilizados em rede para hospitais e são extremamente úteis, mas custosos. Outra coisa a ser levada em conta é que, segundo o código de ética médico, o responsável pelo diagnóstico é o médico presencial, não aquele a quem ele vai pedir via web uma segunda opinião.
O congresso no Rio vai discutir muitos temas. Haverá um panorama sobre a informática na área no Brasil, conferências sobre os programas Rute, a Rede Gesac, as próprias Cidades Digitais, e painéis sobre o Programa Nacional de Telessaúde. A ética para esse novo setor será igualmente discutida, bem como as experiências internacionais.
Áreas como oftalmologia e oncologia pediátrica ligadas à tecnologia serão abordadas. E um velho conhecido nosso, o Fust – Fundo para Universalização dos Serviços de Telecomunicações – será lembrado como possível ajuda para o setor.
– A telemedicina fará com que as pessoas em áreas mais distantes deixem de se deslocar para receber orientação médica, e beneficiará com isso o atendimento na rede pública de saúde, reduzindo as filas e evitando a repetição desnecessária de exames – diz a dra. Alexandra.
site do congresso fica no e n d e r e ç o w w w . l a m p a da.uerj.br/cbtm2007.