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Conselho discute redução de cesarianas em encontro da ANS

O diretor do Conselho Federal de Medicina (CFM), Pedro Pablo Magalhães Chacel, participou, no dia 16 de fevereiro (quinta-feira), no Rio de Janeiro, do encontro da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para discutir sobre a redução de cesarianas na Saúde Suplementar.
     A ANS propôs uma reflexão sobre os motivos e conseqüências que estão levando à produção de taxas tão elevadas de cesarianas no Brasil quando comparadas com o SUS e diversos outros países do mundo.
     De acordo com Pablo Chacel, a atenção a um parto ocorre em momento imprevisível e tem assistência e duração de tempo variável, enquanto uma cesariana com hora marcada demora cerca de uma hora, o que permite marcar e executar duas ou três no mesmo período. “O que se tem observado no CFM são reclamações pelas cesarianas que deixaram de ser feitas ou tardiamente executadas. O que caracteriza uma cultura da cesariana por parte do usuário”.
     Chacel explica que para o Conselho a solução possível para a diminuição da incidência de cesarianas é que os honorários para o atendimento dos partos normais sejam quatro vezes maiores do que os do parto cesáreo. “O CFM defende que em medicina tudo o que é desnecessário deve ser evitado”, completa. A ANS é uma administradora de serviços diretamente remunerados; assim tem que administrar os interesses do usuário que quer pagar menos por seu plano de saúde, o prestador de serviços que quer ser melhor remunerado e o agente financeiro que visa maiores lucros. “A visão comercial infelizmente é clara. Entre o Conselho e a medicina suplementar fica clara uma divergência de objetivos”, explica Chacel.
     Para o conselheiro, a qualidade e conteúdo de uma assistência médica dependem do usuário. “A educação do povo e a reversão da tendência intervencionista através de ação direta junto à clientela certamente modificarão os dados atualmente existentes, levando a uma visão mais naturalista diante de atos biológicos”.
     Dados mundiais
     No Reino Unido, onde a medicina é socializada e a tendência da assistência é conservadora, a incidência de cesarianas chega a quase 22%. Já em países da África Central, onde não há uma assistência médica suficiente, cerca de vinte mulheres que chegam na idade fértil, morrerão por morte materna, isto é, durante a gestação, o parto ou o puerpério. No resto do mundo os índices de cesáreas são incomparavelmente menores, entretanto vem sofrendo um aumento constante ao longo do tempo.
     A menor incidência de cesarianas registradas no mundo é nos Países Baixos (14%), onde há uma cultura do parto domiciliar; enquanto na França e Reino Unido tem mais que dobrado em poucas décadas.