O primeiro encontro nacional para discutir as infecções por micobactérias não tuberculosas reuniu sugestões de medidas para interromper e prevenir surtos. No próximo mês de outubro, um documento oficial sobre o assunto deve ser divulgado às vigilâncias sanitárias e secretarias de saúde do país.
O encontro promovido pela Agência Nacional de Vigilâncias Sanitária (Anvisa) aconteceu em Brasília (DF) nesta terça (11) e quarta-feira (12). Durante as discussões, os participantes enfatizaram a necessidade de se estabelecer ações preventivas.
As notificações de infecção por micobactérias não tuberculosas surgiram no Brasil há três anos em pacientes no pós-operatório. Esses
microrganismos ainda não tinham sido identificados nessas situações, por isso a doença foi classificada como emergente. “São bactérias já conhecidas, mas que se tornaram um problema relevante provavelmente pela associação de novas tecnologias de tratamentos”, alertou o diretor da Anvisa, Cláudio Maierovitch.
Para o gerente de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos da Anvisa, Leandro Queiroz Santi, “o encontro propiciou uma harmonização do conhecimento e um aprendizado que vai aprimorar o olhar sanitário e epidemiológico sobre os surtos de infecção pelas micobactérias e outros agentes”.
Propostas
Para a epidemiologista do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) de São Paulo, Geraldine Madalosso, o encontro avançou ao se conhecer melhor o problema e se obter propostas. “As diferentes experiências de quem viveu as investigações do surto contribuem para a elaboração de novas recomendações e possíveis normatizações”, afirmou.
Segundo Madalosso, a troca de conhecimento sobre os registros de novos casos pode aprimorar a notificação do problema pelos profissionais de saúde. “Creio que, no início do surto, alguns médicos não-especialistas tiveram dificuldades em identificar a infecção causada pelas micobactérias não tuberculosas”, completou no último dia do encontro.
Para combater os surtos e prevenir novos problemas, os participantes apresentaram sugestões relacionadas à limpeza, esterilização e à conservação dos equipamentos, às rotinas de trabalho, à inspeção e à necessidade de legislação para áreas críticas, como os centros cirúrgicos dos hospitais.
O conjunto de contribuições recebidas no encontro será avaliado e consolidado pela Anvisa que enviará aos estados e municípios um documento final com as novas orientações.
Entre as sugestões estão:
– Elaboração de mapas cirúrgicos para descrever a quantidade de instrumental à disposição e o número de cirurgias por vídeo realizadas, a fim de adequar a capacidade do serviço.
– Centralização dos processos de limpeza e esterilização nas Centrais de Material Esterilizado (CME) dos serviços de saúde. A CME também deverá se responsabilizar pelos processos realizados fora do hospital ou clínica.
– Conclusão da revisão da legislação sobre a implementação das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIHs).
– Intensificação das inspeções de áreas críticas pelas vigilâncias sanitárias, com atenção especial sobre os processos com potenciais riscos para os pacientes.
– Criação de mecanismos que aumentem o grau de rastreabilidade (ou monitoramento) de instrumentais cirúrgicos e próteses, com identificação visual na embalagem e no corpo do produto.
– Melhoria de qualidade das informações dos prontuários médicos em relação à descrição dos procedimentos cirúrgicos.
Mais informações sobre o assunto: Esforço concentrado para combater infecção por micobactéria no site da Anvisa (www.anvisa.gov.br).