NOVA YORK – Na semana passada, um painel federal consultivo pediu aos órgãos reguladores americanos que alertassem os pais que, além de aumentarem o risco de suicídio, os antidepressivos apresentam um histórico fraco na cura da doença. As recomendações vieram depois de um longo debate sobre se os remédios são tão seguros e eficazes quanto dizem as propagandas.
O levantamento foi baseado na evidência de que uma pequena minoria de crianças mostrou sinais mais intensos de comportamento suicida quando tomou o medicamento. Mesmo assim, um dos remédios parece estar no foco da discussão: o Prozac.
Apesar de o alerta ser recomendado para outros medicamentos, o Prozac ainda é o único aprovado pela Administração de Alimentos e Remédios (FDA) americana para o tratamento de depressão em crianças e adolescentes. Um grande teste financiado pelo governo recentemente descobriu que ele funcionava melhor do que terapia para ajudar os adolescentes a superar a depressão. Quando as autoridades de saúde inglesas anunciaram uma proibição do uso de antidepressivos em crianças, que desencadeou o debate no ano passado, absolveram especificamente o Prozac.
Mas é tão diferente assim? A resposta é não, segundo os especialistas.
Apesar de quimicamente distinto de outras drogas da mesma classe, o Prozac funciona precisamente sob o mesmo princípio, segundo eles, e não há evidência de que é significativamente mais seguro ou eficaz do que os outros em tratar a depressão infantil. O Prozac mostrou em diversos testes que pode aliviar a depressão em crianças e adolescentes de forma mais significativa do que os placebos.
Essa evidência não está disponível para outros remédios. Mas os pesquisadores afirmam que isso não significa que os outros remédios da mesma família não funcionem. Só que não foram propriamente testados.
“Não faz sentido cientificamente afirmar que encontraríamos diferenças importantes nos efeitos dessas drogas”, disse Steven Hyman, ex-diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental, que não é consultor dos fabricantes de antidepressivos.