contato@sindipar.com.br (41) 3254-1772 seg a sex - 8h - 12h e 14h as 18h

Ex-presidente alerta sobre escolas médicas sem qualidade

Presidente da Associação Médica Brasileira de 1987 a 1991 e de 1995 a 1999, o médico paranaense Antonio Celso Nunes Nassif foi convidado pela atual diretoria da AMB para abordar a abertura de escolas médicas sem qualidade durante a reunião do Conselho Científico da entidade, realizada no último dia 30 de março.

 

De acordo com o trabalho desenvolvido por Nassif, divulgado no site www.escolasmedicas.com.br, 58 novos cursos de medicina foram criados somente desde o ano 2000, somando 3.446 vagas. Além disso, das 155 escolas médicas brasileiras, 55,48% são particulares.

 

O ex-presidente da AMB denunciou também que há novas estratégias para expandir a oferta de diplomas de medicina, como a ampliação do número de vagas nos cursos já existentes e a criação de novas turmas em agosto, possibilitando a realização de vestibulares de verão e de inverno.

 

“Neste século, mais de uma escola médica foi aberta por mês”, lamentou Nassif, emocionado. “Essas autorizações do Ministério da Educação, baseadas em interesses políticos, não cessarão enquanto não houver uma posição fechada da categoria médica.”

 

Minas Gerais e Bahia são os Estados em que mais escolas médicas foram abertas nos últimos anos. Na comparação internacional, o Brasil é o campeão, à frente de China (150 cursos e 1,3 bilhão de habitantes), Índia (140 cursos e 1,07 bilhão de habitantes) e Estados Unidos (125 cursos e 278 milhões de habitantes).

 

O diretor científico da AMB, Giovanni Guido Cerri, lembrou o papel de muitos colegas médicos que atuam como professores em escolas de má-qualidade, apoiando este “comércio”, e também os milhares de alunos brasileiros que estudam medicina em cursos de outros países, muitas vezes sem a adequada qualificação para a realidade brasileira.

 

“Não se trata mais de lutar contra a abertura de novas escolas, mas sim pelo fechamento das que não têm as mínimas condições de ensino médico”, destacou Cerri, ao informar que irá encaminhar à diretoria da AMB a proposta de criação de uma comissão especial sobre o tema, a fim de definir ações concretas por parte das entidades médicas.