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Fusão de hospitais faz a gestão mudar

A crescente onda de fusões e aquisições no setor de saúde tem movimentado a área de compras dos hospitais. Para reduzir os gastos nesta área, que podem chegar a 40% do custo hospitalar, e obter melhores negociações com fornecedores, as empresas têm intensificado sua gestão, com a padronização de processos e a incorporação de práticas de distribuição adotadas por outros setores, como o industrial. Com isso, os hospitais têm conseguido reduzir custos em até 19%. É o caso da rede D’Or, que reúne 12 hospitais no Rio de Janeiro e em Recife – nove deles adquiridos nos últimos quatro anos – e que em 2007 faturou R$ 750 milhões.
Além de expandir a atuação no segmento de alto padrão com a abertura de novos hospitais bandeira D’Or, a rede tem investido na ampliação do atendimento a outros segmentos, incorporando hospitais com custo de atendimento mais acessível, como os hospitais Doutor Badim e Juari. "Tivemos um crescimento muito grande nos últimos dois anos, praticamente dobramos de tamanho em número de unidades", afirma Mário Orlean, diretor da área de suprimentos da rede.
O executivo já atuava na área de suprimentos dos setores industrial e de telecomunicações, e trouxe para a rede a experiência de negociação e padronização dos processos. Ele também ressalta que as compras aumentaram 60% no período das aquisições, chegando a R$ 200 milhões no ano passado.
Segundo o diretor, a área de suprimentos corresponde a 40% dos custos hospitalares da rede. Em hospitais de grande porte, como os de bandeira D’Or localizados no Rio de Janeiro e o Hope-Esperança, adquirido no fim do ano passado, em Recife, o gasto médio chega a R$ 37 milhões por ano. "Nossa estrutura permite negociar com vários players, sem exclusividade e sem leilão. Trocamos informações e buscamos a melhor condição." Também houve ampliação do número de leitos na rede. Só o Quinta D’Or, um dos principais hospitais da bandeira de alto padrão da rede, receberá este ano mais 100 novos leitos, um aumento de 50%. Um outro exemplo é um novo hospital que rede abrirá este ano no Rio de Janeiro, no bairro de Jacarepaguá, em que já está prevista uma ampliação de 70 para 110 leitos.
Segundo ele, a negociação direta com fabricantes, que corresponde a 75% das compras da rede, e a cotação de preços através da Bionexo, plataforma eletrônica de compras especializada em medicamentos e suprimentos hospitalares, geram uma redução de custos de 8% . Além de conseguir custos atrativos, a primeira estratégia oferece garantia na origem e no fornecimento dos produtos, de 6 meses a um ano. Quando não consegue chegar a uma negociação direta, ou não encontra no mercado preços melhores que os oferecidos pelos fabricantes via Internet, a rede acaba por adotar a plataforma eletrônica.
Com a expansão, a rede busca maior eficiência operacional com a integração da operação de compras de todos os hospitais. O processo começou há cinco anos nas três unidades D’Or, que inclui os hospitais Copa D’Or, Barra D’Or, Quinta D’Or e mais 40 unidades de laboratórios. "Nos hospitais de bandeira D’Or, o índice de padronização é de 96%. Padronizamos todos os processos e rotinas, ou seja, deixamos todos os hospitais com o mesmo modelo de gestão", comenta Mário. "Com a padronização, conseguimos ter ganhos de escala e de oportunidades comerciais, já que conseguimos aumentar o volume de compras e de produtos do mesmo fornecedor."

 

Modernização
Com uma estrutura de alto padrão e sem o suporte de uma rede, o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo , também tem investido na modernização da área de suprimentos, que responde por 30% dos seus custos, com a adoção de softwares de gestão. "Com a mesma estrutura de pessoas, conseguimos fazer os processos de forma mais rápida, ágil, saindo de uma atividade operacional para atividades de negócios", analisa Marcos Milani, gerente de suprimentos do hospital.
Fora a rede D’Or, há três anos a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), que reúne 36 hospitais, organiza comitês entre seus associados para realizar negociações, via Internet, de medicamentos de alto custo, como quimioterápicos e antibióticos. Conforme a Anahp, alguns hospitais conseguem dessa forma obter ganhos de até 19% nas negociações, nas quais são fechados, em média, 280 itens de 500 cadastrados. Formado por 30 hospitais, o comitê qualificou 50 fornecedores, em um universo de 4 mil fabricantes, para realizar cotações a cada 4 meses. Após as negociações, os hospitais fazem o contato final individualmente, ou seja, fecham os valores de compra e entrega. Em 2007, o volume transacionado pela Bionexo foi R$ 600 milhões. Em 2008, a estimativa é de R$ 1 bilhão. "A principal vantagem é a grande troca de informações entre os hospitais", diz Ângela Lopes, coordenadora da Anahp.